sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

As eleições de 2010 já começaram.

Por Leonardo Vicente


Apesar das eleições presidenciais brasileiras só serem daqui a dois anos, as manobras políticas dos partidos iniciaram, e os candidatos a serem lançados como possíveis futuros presidente da república já se esboçam.


Porém, o que chama atenção é o cenário político atual que se principiou. Sem um candidato certo para 2010, o PT parece tentar uma manobra política ousada: lançar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à sucessão de Lula.


Dilma, que de uns tempos para cá levou um banho publicitário substituindo seu visual antiquado por um moderno e mais ‘clean’, deixou, também, de ser apenas a sombra de Lula assumindo um papel independente. Funcionou muito bem, Dilma não sai mais das matérias de jornais e dão relevância a tudo que a ministra diz, não apenas no seu papel como ministra-chefe.


Contudo, mesmo com a transferência de votos que o Lula possui, se o PT realmente estiver pensando em lançar Dilma como candidata ele se arriscaria muito pois a ministra não possui reconhecimento da população, e mesmo que os publicitários consigam colocá-la na mídia, a bagagem política pesaria.


Entretanto, seria Dilma a real candidata que o PT pretende lançar? Ou uma coligação se formará na tentativa de trazer outro candidato mais forte e com uma bagagem maior.


Essas perguntas se responderão com o tempo, porém, tudo indica que o próximo presidente do Brasil será o candidato com o apoio do PMDB. Enquanto isso, o PSDB, que não se entende, poderá entrar nas eleições fragilizado e sem o candidato que seria o mais forte, Aécio Neves.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Por onde andarás Dantas?

Tudo bem que já falei sobre isso aqui no blog milhares de vezes (clique aqui), mas tenho que registrar alguma coisa sempre. Não é possível, será que ninguém enxerga passa perante nossos olhos lineares um dos maiores absurdos da política nacional?

Protógenes Queiroz virou réu, o juiz Fausto De Sanctis quase foi retirado das investigações e Gilmar Mendes virou herói nacional, defensor de um Estado Democrático criado pela mídia para conservar arquiteturas arcaicas de proselitismo político.

O STF, antes tido como a "mente pensante" do Direito, o ícone do equilíbrio, virou palco do fisiologismo enraizado em Brasília. Uma grande arena, onde Joaquim Barbosa, Eros Grau, Marco Aurélio Mello, Mendes, Ayres Brito e cia, disputam espaço no tabulato folhetinesco da imprensa, cada vez mais "bonitinho" para entreter nossos "Homers Simpsons".

ABIN, Governo e Polícia Federal entram em crise. As brigas internas dominam as primeiras páginas e os papos de botequim. Enquanto isso Dantas abre seu Brut Rosé e brinda com seus advogados ao som de "País Tropical".

Em tempo:


Por que a mídia defende a intervenção dos Estados Europeus e dos EUA na Economia e aqui no Brasil insistem no axioma do "corte dos gastos públicos"?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Anistia, Guantánamo, Reinaldo Azevedo e ideologias.

Realmente eu não agüento o Reinaldo Azevedo. Ele mesmo se perde nas próprias argumentações.

Em seu blog, ele tem mania de fazer um tal de “vermelho e azul”, onde ele comenta cada parágrafo de algum texto que não tenha gostado.

Vou fazer mais ou menos o mesmo, só que ao contrário. Seguem trechos de seus artigos, comentados “chorumelicamente”.


“Conversa mole e, com a devida vênia, picaretagem intelectual. Brasil afora, sabemos, há policias que torturam presos comuns. Perguntem o que o valente Paulo Vannuchi, ministro dos Direitos Humanos, fez a respeito até agora. Eu respondo: nada! Perguntem o que Tarso Genro, ministro da Justiça, fez até agora. Eu respondo: nada! Atrevo-me a perguntar a Glenda: o que a senhora fez a respeito até agora? Nada também! E eu? Fiz o que me cabe como jornalista: já denunciei tal prática dezenas de vezes. E por que esses militantes da reparação do passado nada fazem pelos torturados presentes? Porque os coitados que se danam nas cadeias são presos sem pedigree ideológico.”
(Azevedo comentando a questão da Anistia e julgamento dos torturadores).

"Se você não sabe a diferença entre um “serial killer” e um terrorista, é inútil explicar. Se você acha que um psicopata não difere moralmente de um sujeito que passa meses planejando como jogar aviões contra edifícios, fazendo-o de modo politicamente articulado, segundo a estranha “racionalidade” do terror, não espere que eu consiga lhe provar a diferença. Você se apegaria ainda mais à suposta igualdade entre ambos. Há contrastes, minha cara, diante dos quais argumentos são inúteis. Nem sempre eles esclarecem. É uma questão de escolha moral." (Agora, Reinaldo defende a Prisão de Guantánamo diferenciando acusados).

Agora, eu (em comentário feito no blog):

Reinaldo, realmente, apesar de escrever direitinho, você se perde. As dialéticas comparativas são boas quando lhe convém.

Para comparar um bandidão do Tráfico que é torturado pela PM, com um Prisioneiro político torturado por uma ditadura, não há diferença, é tudo igual!!

Agora, quando convém defender um sistema prisional arcaico e violento, você traça "N" contrapostos entre um Serial Killer americano e um terrorista.

Obviamente, nos dois casos (ditadura e EUA), temos heterogêneas estruturas sociais. No entanto, devem ser tratados TODOS (está lendo bem ai Dr. Azevedo), TODOS, da mesma maneira. Vivemos, pelo menos na teoria, em uma democracia, onde, até que se prove o contrário, as pessoas são inocentes e possuem direito a defesa e à reintegração social de forma plena.

Como nada justifica aquela irracionalidade brutal que é Guantánamo, também acho que todas as torturas são injustificáveis. Realmente, e aí eu concordo, temos um país altamente sistematizado ideologicamente pela esquerda. Fruto, nada mais nada menos, da incompetência dos projetos liberais, ou neoliberais.

Infelizmente, você prefere o discurso belicista ao social. Fala mal dos que "ideologizam" os textos, no entanto, é o que mais o faz, nas entrelinhas.

Reinaldo, já está demais não é meu caro???

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fugindo das Ideologizações.

Sexta-feira passada houve uma Passeata na Cinelândia.

Alardeados por uma necessidade de suprir um vazio ideológico, nossa juventude vai às ruas. A primeira faísca "blogstíca" ou o primeiro sussuro de polêmica, já se traduz em protesto, vira um contraponto sofista que esconde um vazio de pensamento crítico.

Torci por Gabeira, votaria nele novamente, o feriado influenciou na eleição, o Rio perdeu com a vitória de Paes, etc, etc. Agora, da mesma forma que os esquerdistas brasileiros e sul-americanos defendem e sustentam seus "muros" ideológicos a partir do discurso democrático, usam este mesmo discurso para suplantar derrotas.

Senão, vejamos: quando defendemos Lula, falamos que ele tem 70% de aprovação, quando "abraçamos" as causas de Morales e Chavez, gritamos que eles foram eleitos nas urnas, sejam por mil votos, seja por um voto. Eu digo isso e continuarei dizendo.

Mas, certas vezes, fico me indagando. Por que estas mesmas pessoas não foram para cinelândia antes, pedindo para os eleitores não viajarem? Por que não fizeram a tal "onda verde" durante a campanha eleitoral (nenhuma passeata botou 5 mil na rua durante as campanhas) ?

Infelizmente, nossos atos "políticos" são alicerçados em falácias cansadas, axiomas que se perdem num comodismo eterno, levantes midiáticos que ficam na linearidade cognitiva. A verdade é que somos movidos pelas frustrações próprias, as verdadeiramente sociais ficaram nas "passagens desbotadas na memória das nossas novas gerações".


Em tempo:

Sem dúvida, temos uma eleição histórica nos EUA. Não só isso, temos, indubitavelmente, um ar de mudanças caso Obama seja eleito.

Porém (sempre tem um porém) em "terras brasilis" precisamos lembrar que nenhum dos dois candidatos parece disposto a dinamizar as relações comerciais, leia-se corte de subsídios e apoio ao etanol nacional.

Vamos aguardar a decisão.

Em tempo 2:

Perguntar não ofende:

Alguém sabe quando a Revista Veja vai apresentar as provas do suposto grampo que causou uma crise institucional no Governo Lula?

domingo, 26 de outubro de 2008

Balanço Geral










Destaques, derrotas e observações sobre as eleições.

PT e PMDB agora dividem a liderança das capitas, cada um com seis, o PT, no entanto, sai mais fraco, já que perdeu duas, o PMDB ganhou uma.
As derrotas petistas em Porto Alegre, após perder o Estado na última eleição, e a de Santo André, onde a vitória era dada como certa, foram as mais sentidas.

Alguns caciques, seguindo tendência das eleições estaduais, sofreram algumas baixas, como Sarney, em São Luís, e Espiridião Amim, em Florianópolis. Coincidência ou não o DEM mais uma vez perde espaço, com o fim da Era Cesar no Rio, se não fosse o José Serra no apoio ao Kassab e a Marta fazendo burrada atrás de burrada, o DEM sumia do mapa.

Este pleito teve um aspecto geográfico interessante. Foi uma disputa pautada em apoios de Brasília, Ministros, Senadores e Deputados entraram de cabeça nas campanhas, dando uma amplitude "nacionalizante" aos municípios. Pode ser reflexo de 2010, já que teremos uma eleição presidencial "cabeça a cabeça" e a primeira sem a presença do Presidente Lula.

Ressalta-se ainda que a "união" PSDB/PT de Minas não deve tomar proporções maiores, tendo em vista a derrota suada de Márcio Lacerda.
Paes ganhou apertado no Rio de Janeiro, numa eleição com 20% de abstenção, Gabeira, com uma linda campanha diga-se de passagem, não teve forças para superar o pragmatismo do pmdbista, apoiado por Cabral e Lula.

Por falar no presidente, ele deixou muita gente irritadíssima no partido. Não atuando em candidaturas importantes, como Salvador e Porto Alegre, o presidente gravou um vídeo para Eduardo Paes e foi figura fundamental na vitória do candidato.

No final das contas ficamos mais ou menos assim.

Os partidos que integram a base do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso detêm 21 das prefeituras das 26 capitais brasileiras. O número continuará o mesmo. Entre os partidos da base, o PSB terá em 2009 três cidades e o PTB, duas. PC do B, PP, PV e PDT terão uma capital cada.

As legendas de oposição ao governo federal manterão o comando de cinco capitais. O PSDB, que governa em três cidades, passará a governar quatro. O DEM, que comandava São Paulo e Rio, terá apenas São Paulo a partir de 2009.












terça-feira, 21 de outubro de 2008

Politização das Pautas

Tudo bem, eu sei que é chato mais temos que cumprir nosso dever chorumélico quanto a mídia, ela não aprende, é um problema.

A última semana foi de um didatismo tremendo.

Tivemos dois casos relevantes envolvendo Polícia. O seqüestro da menina Eloá e o embate entre a Civil e a Militar, ambos em São Paulo.

O caso da jovem, morta pelo namorado após 100h presa, dispensa maiores comentários. Noticiários ficaram ligados 24h, naquele tradicional circo que já conhecemos, um “Caso Nardoni 2”. No confronto entre as duas polícias tínhamos de um lado a Civil, sem aumento reais há mais de 10 anos e do outro a Militar, defendida pelo Governo Serra. A partir de uma manifestação pela melhoria dos salários, a PM foi acionada, resultando no confronto direto.

Agora, vamos as coberturas. Nos dois casos houve críticas a atuação policial, é verdade, mas os detalhes são interessantes:

Apenas no caso do confronto entre Civil e Militar, cujo PT foi acusado de mentor das manifestações, houve politização das pautas. Segundo a impresa, o partido teria promovido o protesto em ato política contra José Serra. Ter o pior salário do país não conta em nada não, bobagem.

No seqüestro, onde observamos erros na conduta das negociações, não tivemos cunho político. Coincidência ou não, a operação foi conduzida pela PM (Governo tucano). Tudo bem, todo mundo vai dizer que estes casos não podem ser politizados, concordo, mas já que se abriu um precedente de crítica à Polícia Militar que critiquemos quem a prepara também, o Governo Paulista. Quando a imprensa “bateu” na Civil, o burburinho logo chegou aos gabinetes Partidários, quando “bateu” na Militar, se limitou às fardas e passou longe dos ternos.

Nesses pequenos detalhes é que pegamos nossos coleguinhas na curva.

Em tempo:

A campanha do Rio, assim como a de São Paulo, já está caindo na velha retórica dos ataques. O último debate (domingo na Record) foi um show de acusações. Cesar Maia, troca de partidos, obras estapafúrdias etc. Políticas programáticas zero.

Aliás, é impressionante o pragmatismo da campanha de Paes. Extremamente bem articulada com o discurso popular, ele enche a propaganda de ações paliantivas e pontuais, cuja a impressão de um plano de governo mais consistente se sobrepõe a visão de Gabeira.

Como marketing político, perfeito, como benesses para a Cidade, pura politicagem.

Em tempo 2:

Do G1:

Na semana passada, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), anunciou uma medida que abre brecha para a manutenção do emprego de parentes de senadores. Segundo decisão da Mesa Diretora da Casa, familiares nomeados antes da posse dos parlamentares poderão permanecer no cargo.

A sorte do Senado é que existem "Limdenbergs" e "Motoristas assassinos de donos de Mercado".

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Política, Dia das Crianças e Mídia.

Na mesma esteira que se deram a explosão do capital e conseqüentemente o triunfalismo Neoliberal no final de século XX, as formas de organização espacial se moldaram em função de novos conceitos difundindo-se juntamente com todo esse processo.

Quando vimos que nos 4 meses (Julho, Agosto, Setembro, Outubro) que antecederam o dia das crianças foram gastos 210 milhões somente em publicidade infantil, um quebra-cabeça de difícil solução se monta diante da sociedade.

Com a base da humanidade calcada no capital precisamos formatar o meio para que ele de sustentção e governabilidade ao novo sistema. E como fazemos isso?

A resposta se apresenta tão clara quanto água. A projeção e a emergência da sociedade baseada no consumo garantem a funcionabilidade sistemática, o tal "status", que se tornou um signo de poder, vai muito além de uma simples palavra, é quem nos deixa preso a uma rede de capitalismo e lucro nos deixando "obrigados" a consumir. Isso é o que ele oferece em troca da submissão à ele.

Se debruçando nesses padrões, a formação da nova gerção sofre cada vez mais a coersão do meios comunicacionais, que os direciona num caminho muito complexo.

O esvaziamento das relações familiares se torna condição ímpar para que esse processo se desenvolva. Os valores, a educação e as normas fugiram da relação mãe-filho e correram para a relação filho-mídia.

É nesse relacionamento quase pueril que a publicidade joga, e joga pesado. Tendo em vista que a família sempre foi a principal formadora identitária das crianças, a quem ela recorre quando não vislumbra nesse relacionamento uma formação alicerçada? Nos meios de comunicação. As crianças passam em média cinco horas por dia em frente à TV. Quanto tempo será que passam com os pais?

Os arautos dessa nova era tecnológica dizem que esse é um processo natural afirmam que as mudanças se dão naturalmente, e cada vez mais as crianças vão ter uma relação quase materna com os novos inventos da midiáticos. Obviamente, esses são os mesmos que dominam toda o aparato ditatorial midiológico no mundo, dessa forma analisam a questão lucrativamente e não "educacionalmente". Deixar de lado uma formação familiar sólida para se construir uma formação mercadológica, onde o ter se sobrepõe ao Ser e o canibalismo competitivo do mercado já são enraizados desde pequeno, não é plausível para quem acredita em alguma transformação estrutural na sociedade moderna.

Todos esses fatores traçam uma pista sinuosa, assim, para não derraparmos precisamos largar bem, e ensinar ainda na primeira volta que o social é maior que o individual e o essencial maior que o material.



Em tempo1:

O segundo turno vem aí. No Rio, Gabeira cresceu quando tinha que crescer, Jandira, mais uma vez, caiu na reta final e Paes continua como favorito. Crivella mostrou que tem um "piso" muito amplo com um "teto" muito baixo e parece não ter folego para expandir seu nome acima do Senado.

Detalhe interesasnte da troca de valores que observamos hoje na política nacional. Gabeira tem apoio do DEM, o mesmo DEM que compunha a base de Severino Cavalcanti, o mesmo Severino que foi apedrejado por Gabeira na câmara. Paes tem apoio de Lula, o mesmo Lula que foi achacado por Paes na CPI Midiática dos Correios. Como diria Weber não existe ética na política existe Ética da Política.


Em tempo 2:

Para variar a mídia espetaculariza a crise e torce parece que torce para o Brasil nela se afundar. Percebam a malícia dos jornais, todas as matérias envolvento queda da Bovespa vem acompanhada de alguma fala do Governo de que o país está blindado contra a convulsão econômica.

Alguns aspectos são relevantes:

1- O Brasil realmente tem uma boa base de sustentação contra a dívida. Obviamente que em algum momento iremos sofrer consequencias (ohhh!!), sem alardes por favor.

2- A crise não será resolvida com redução de juros ou abertura do crédito. É preciso dinheiro vivo para os bancos de investimentos que estão quebrados. O problema não é liquidez é capital mesmo.

3 - A política dos "swaps reversos", aquela na qual o BC transferia dinheiro para os Bancos trocando contratos derivativos de juros pelo câmbio, acabou quebrando as empresas com essa repentina depreciação do real. Com isso, o BC, que é uma mãe, passou a fazer os "swaps" clássicos, onde os também há a troca de contratos de risco (juros x câmbio), no entanto, com o BC pagando pela variação dos juros (alta) e não mais pela apreciação do real, que foi pro saco nas últimas semanas.

É aguardar a estabilização da crise, por enquanto o pânico ainda toma conta, com baixas de 15 e altas de 13%, tudo surreal.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Curtinha da Crise

Por Gabriel Mattos


A reprovação da "mãozinha" do Estado na economia americana revelou alguns pontos interessantes no cenário ecônomico internacional.

Num primeiro momento, houve uma euforia nos mercados internacionais quando o FED salvou alguns gigantes de investimento norte-americanos. Bom, ai veio a ressaca, era preciso muito mais dos que os bilhões já investidos para controlar a crise internacional.

O Plano Paulson, foi rejeitado na câmara americana, numa obra política que não se afinou nem com democratas nem com republicanos. A ampla vantagem que levariam os bancos, ao levarem uma injeção de 700bi mais títulos do governo, não agradou a ambas as partes. Interessante o próprio capitalismo não salvar o capitalismo.

Com isso, entramos no cerne da questão. A teia de relações entre governo, mercado financeiro, BC e políticas públicas. A imersão mundial no conceito de Bancos Centrais autônomos e mercados "desregulados" afastou a Economia (com "E") da economia política. Houve, sem embargos, uma mercantilização de todos os aspectos políticos, culminando em uma "soberania econômica".

As utopias da concepção sistêmica perfeita, "mercado regula o mercado", parecem ruir ciclicamente como todos os outros durante a caminhada histórica. Após passarmos pela crise dos emergentes asiáticos em 97 e a turbulência "hermana" entre 99 e 01 será que assisitiremos alguma quebra de paradigma mercadológica? Ou será apenas mais uma demonstração de que este sistema cai nas suas próprias armadilhas?

PS: a brilhante analogia das capas (Veja e Carta Capital) é do blog do Nassif.


Em tempo:

Esta semana o Espaço Aberto da Globo News recebe o jornalista (?) Reinaldo Azevedo. Vamos ver as batatadas bradadas pelo blogueiro da Veja.


Em tempo 2:


Nunca vi uma eleição carioca tão murcha.

O boa-praça Chico Alencar, em entrevista ao site Carta Maior, define bem o tema: "Sim, dentro desse contexto de candidaturas milionárias, de placas, de postes humanos, sem militância, sem agitação de rua... Eu posso te assegurar que essa campanha não terá nenhum grande comício de reta final, ao contrário de tantas outras que eu já vivi."

Não obstante, ao mesmo tempo a campanha imagéticamente mais rica sobe nas pesquisas (Eduardo Paes).

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Por trás de O Globo.

Tudo bem, eu concordo que é muito chato bater na mesma tecla toda hora, mas é brincadeira!!

Sábado de manhã (20/09) passando pela banca li uma das manchetes de O Globo: "Chavez expulsa ONG que lutava pela Democracia." Obviamente, como a manchete era do Globo, chegando em casa fui pesquisar sobre o fato.

Num primeiro momento, temos que fugir do minimalismo da imprensa nacional. Chavez = vilão. Há muito mais o que se debater do que simplesmente desmoralizar e achacar o governo venezuelano.

Sem dúvida lá existem autoritarismos, excessos, pobreza, etc., nada que nossas terras não conheçam.

Enfim, vamos aos fatos. Chavez expulsou da Venezuela dois membros da ONG Human Rights, por terem produzido um relatório sentando o pau no governo. Na minha humilde concepção, nada justifica a expulsão, nada, mesmo que as críticas sejam infundadas e fora de ponto, é preciso saber lidar com elas.

O mais interessante é que o jornal, em nenhum momento, publica alguns pontos que merecem destaque:

- A ONG (quando diz que não há direitos humanos no país) não leva em conta avaliações de outras grandes instituições. A UNESCO declarou recentemente a Venezuela como um país livre do analfabetismo. A OMS avaliou de maneira extremamente positiva o programa de saúde "Barrio Adentro", que leva medicina aos bairros mais pobres. O Comitê das Nações Unidas contra a discriminação Racial usou a Venezuela e a Bolívia como destaques na inclusão social de povos indígenas que ficavam à margem da organização social.

- A Human Rights Watch (HRW) foi criada em 1978 pelos EUA, para servir de instrumento propagandístico - ideológico na Guerra Fria.

- José Miguel Vivanco (Diretor que foi expulso da Venezuela) trabalhou na diplomacia da ditadura de Augusto Pinochet, no Chile.

- Esta mesma ONG apoiou o Golpe de Estado sofrido por Chávez em 2002. Aliás, toda a mídia nacional apoiou.

Deixo bem claro: acho que não podemos ter fanatismos para nenhum dos lados. Precisamos é mostrar claramente os dois. Tanto nossos jornalões precisam apresentar o excelente trabalho social de inclusão que Chavez faz, quanto nossas esquerdas precisam debater algumas atitudes autoritárias do presidente sem paixões e cegueiras.

Queridos leitores, avisem aos grandes jornais que aqui o lixo não fica dentro de saco preto, vamos meter a mão no Chorume.

Fontes:

wikipedia.com

abn.info.ve

reuters.com


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A regulação da Livre Iniciativa.

Os últimos dias de economia convulsionada parecem traçar um paralelo complicado entre o sonho do conceito da livre iniciativa e a ingerência dos Estados nos assuntos econômicos.
Desde a dobradinha neoliberal, Reagan / Tactcher, e a emergência de um mercado sem controles ou regulamentações, o mundo não experimentava tamanha crise. Reagan gostava de ilustrar sua política desreguladora com a frase: "o governo não é a solução, mas sim o problema".


Com a saúde de grandes fundos de investimentos na CTI, o FED até fez um jogo duro no começo, mas cedeu e como cedeu. Após intensas reuniões e conversas telefônicas, o Federal Reserve injetou 55 bilhões de dólares nos bancos dos EUA e outros 180 bilhões nos bancos centrais de todo o mundo, com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros. Essa ajuda e mais aquela dirigida ao American Insurance Group e às companhias hipotecárias Freddie Mac e Fannie Mae serão suficientes para conter a crise?


Alguns analistas fazem críticas ao governo Bush pela ausência da mão estatal no mercado financeiro, no entanto, foram os mesmos que aplaudiram a epopéia das bolsas globalizadas e das iniciativas livres. Diziam eles: "o próprio mercado irá regular o mercado". Em 15 de agosto do ano passado escrevi um artigo (O consumo que nos consome 2), no qual discutia como o descontrole da expansão do consumo nos EUA levou os investidores a banacarrota.


As "mirians leitões" já alardeiam o perigo do crédito no Brasil e o nosso BC vai na onda, subindo os juros para "desaquecer" a economia. Só esquecem que na terra do Tio Sam o crédito pessoal responde por quase 40% da economia, aqui nas terras de pindorama ainda engatinhamos, com algo em torno de 10%.




Em tempo 1:



As eleições no Rio esquentam, Eduardo Paes, com fortíssima campanha de propaganda, já lidera ao lado de Crivella.

Jandira, ficou para trás, seguida por Gabeira e Solange Amaral.

Alguns pontos já ficam claros na campanha. A opção, digna diga-se de passagem, de Gabeira, em não panfletar nem usar muitas campanhas visuais, evitando poluição, parece que foi um tiro no pé. Paes, o mais agressivo neste sentido, já lidera as pesquisas.

César Maia ainda não conseguiu emplacar sua candidata. Inexpressiva, Solange debruçou muito sua campanha nas costas do prefeito e parece que não teremos um novo "Conde" (de saias!!) na prefeitura.

Jandira repete os erros da última campanha para o Senado. Começa e bem e termina mal. Na disputa com Dornelles (2006) era dada como barbada e acabou caindo na reta final. A novela parece se repetir. Com um discurso "feminista" muito especificado, mesmo caso de Gabeira com a Zona Sul, ela não consegue expandir o eleitorado, abrindo espaço para um Eduardo Paes que está afinado com o que o povo quer ouvir.

Molon e Chico Alencar aparecem na rabeira e não terão fôlego para encarar um segundo turno com Crivella.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Estado Democrático?

A constituição do conceito "Estado", emerge a partir do fim da Idade Média Européia. As monarquias absolutistas começam a basear seus governos em um Estado Nacional ( Nação), que tem como características um território pré-determinado, uso de forças armadas, formação de um sistema burocrático para regulamentação do povo, e total autonomia nas decisões políticas nacionais visando subsidiar uma vida mais qualitativa ao indivíduo.
Para os liberais, o Estado é apenas um mal "necessário". Tem de ser controlado e fiscalizado para não se tornar um predador. Os anarquistas, que vislumbram uma organização social longe das complexas constituições governamentais, chegam ao ponto de dizer, como Nietzsche, que o Estado é "o mais frio dos monstros". Entretanto, para os socialistas, o Estado tem o dever de centralizar o poder e distribuir as riquezas de forma igualitária, ao passo que ele seja o meio pelo qual a sociedade tenha melhores condições sociais, econômicas e educativas, assim, o Estado se torna um benfeitor social.
No Brasil, o Estado, num primeiro momento foi baseado na ótica absolutista Francesa e foi evoluindo até o Estado sócio – democrático atual.
As leis apresentam os seguintes elementos: o povo, o território e o governo soberano. O primeiro seria a organização social como um todo, é quem elege os cidadãos que vão reger a máquina estatal. O segundo seria toda a área, tanto terra quanto mar, constituindo estados, municípios, distritos etc. O governo soberano é a cristalização do voto populacional, é formado pelos políticos eleitos e é autônomo em suas decisões.
A hierarquia estrutural da União obedece ao seguinte esquema decrescente de poder: Poderes públicos, Órgãos Independentes, Órgãos Autônomos, Órgãos Superiores, Órgãos Subalternos.
Os poderes públicos se organizam em três partes, Executico, Legislativo e Judiciário. O primeiro é o que tem a função de governar o povo e administrar os interesses públicos, é quem tem o poder de decisão final para leis, medidas, projetos etc. O legislativo tem a função de criar e sancionar as leis reguladoras do estado. O terceiro, e último, é o Judiciário, que tem o dever e competência de julgar processos de acordo com as leis sancionadas na esfera legislativa.
A formação "material" desses poderes são os órgãos independentes. No executivo temos, Presidência da República, governos estaduais e prefeituras. No legislativo, Congresso, Câmara, Senado, Assembléias estaduais e Câmaras municipais. Por fim, o judiciário se materializa no Supremo Tribunal Federal, Superior tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal, Tribunal de Justiça, Tribunais do Júri e varas.
Os sistemas administrativos, que possuem autonomia técnica e financeira mas tem subordinação aos chefes do poder, são os órgãos autônomos, formados por: secretárias, ministérios e Advocacia Geral da União.
Os órgãos superiores são os que detém o controle dos assuntos pertinentes a ele, mas continuam com subordinação superior e não detém autonomia financeira e administrativa como os autônomos. São as procuradorias gerais, departamentos da Polícia Federal, gabinetes e coordenadorias.
Finalmente, os órgãos subalternos trabalham diretamente para os administrativos, com cargos comissionados e do segundo escalão dos ministérios.
Na década de 90, houve um crescimento muito grande das chamadas ONG’s (organizações não-governamentais) que são um dos mecanismos sociais de fiscalização e controle das atividades do poder público.
As principais dificuldades do Estado Nacional são estruturais, necessitando de reformas, realmente de base. Os problemas são históricos, advém de erros que são cometidos desde o descobrimento até o governo Lula.
O Estado nacional nunca conseguiu Ter um alicerce forte para sustentação, a colonização de exploração já iniciou um processo de dependência de capital externo que atualmente traz reflexo na política – econômica brasileira, como detrimento da indústria interna, economia mais propensa à crises em função de alterações estrangeiras e maior tendência à dívida externa.
A interminável dívida pública em paralelo com juros altos, fazem com que o Estado necessite de 40% do PIB para pagamento dos juros dos títulos públicos e dos banqueiros, não obtendo recursos para aplicação em infra – estrutura e serviços básicos para a população.
Além disso, a questão da corrupção, leva para o ralo milhões e milhões dos cofres públicos
A composição de cargos dentro do sistema de Estado também se mostra complicada. A pouca quantidade de concursados e o excesso de cargos comissionados fazem com que o balcão de negócios entre os partidos aumente muito, todos buscando uma brecha para entrar no governo.
Isso gera esvaziamento da identificação político – partido, aumento da "venda" de cargos e muita corrupção toda vez que se forma um novo governo.
A demasiada burocratização que o Estado produz, também traz problemas ao sistema nacional. Por exemplo, a questão do desemprego de do rombo previdenciário andam em paralelo a isso. O excesso de leis trabalhistas e tributos para a contratação de um funcionário fazem com que as empresas contratem menos e de forma diferente, ou seja o empregado agora só presta serviço ao patrão, isentando a firma de vários encargos tributários. Assim o emprego informal cresce de maneira meteórica, fazendo com que a previdência arrecade menos capital em contra partida ao aumento da expectativa de vida do brasileiro.
Nos últimos anos a principal temática dos debates políticos tem sido esse "boom" de corrupção, todos sabem que isso não começou agora, porém só nos últimos anos ela tem sido investigada de maneira mais séria e idônea.
Muito do nosso dinheiro foi pro lixo desde de que o Brasil é Brasil, passando pelo descobrimento, proclamação da república e a obscuridade ditatorial no século XX, porém o sentimento do povo é de que a corrpução aumentou, principalmente nos anos 90 (falsa ilusão). O que ocorreu foi que nos últimos anos as investigações melhoraram juntamente com um excelente trabalho autônomo da Polícia Federal, trazendo a mídia o que antes era abafado pelo governo.
Todo esse processo traz um descrédito enorme aos Três poderes e as instituições nacionais. Hoje, a "profissão" político é lembrada juntamente com bandalheira, pilantragem e roubo, e o Planalto Central é visto como o templo da roubalheira e do descaso com o contribuinte.
Soluções? Até existem, mas terão que ser medidas de longo prazo, projetos estruturais, reformas de base, principalmente educacionais, o que não interessa aos governistas, já que medidas paliativas são um mecanismo mais prático para atrair votos. A classe média era quem deveria puxar a voz de protesto no país, pois é quem tem acesso a educação, informação e consciência política, no entanto é a mais alienada em função do sistema, assim se acomodando em suas vidas individualistas, sem nenhuma participação social e coletiva na sociedade. Só com a reabertura do debate político, o acesso total a educação, saúde e segurança e o reerguimento do pensamento ideológico poderemos pressionar o Estado para que ele nos forneça, realmente, subsídios para uma melhor qualidade de vida em todos os aspectos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O último (e triste) tango em Brasília.

Em 06 de setembro de 2007 escrevi um artigo em meu outro blog chamado “Uma análise crítica”. Nele, discuti como Lula e todo o planalto, apesar de terem conseguido avanços sociais consideráveis, continuaram seguindo os passos de governos anteriores no tratamento com a mídia. Pois bem, normal seria se essa mídia que citei “apoiasse” o presidente como fazia em épocas passadas.

A questão é simples: a mídia bate e Lula afaga, como um Pai. Não o “Pai dos Pobres”, mas o “Pai da mídia”.

Não sou daqueles que creditam todos os movimentos de corrupção no Brasil na conta da imprensa, é objetivar demais um debate extremamente complexo. No entanto, confesso que diante das últimas semanas fiquei estarrecido com os fatos que se sucederam.

Os responsáveis pela Operação Satiagraha encaminharam ao Juiz De Sanctis e este deferiu dois pedido de prisão contra Daniel Dantas, para evitar que o banqueiro, de alguma forma, interferisse no andamento e conclusões da referida Operação. Gilmar Mendes soltou o empresário nas duas ocasiões, quando despachou favoravelmente, pela concessão dos habeas corpus impetrados pelos advogados do banqueiro. Como conseqüência, tivemos a materialização de todas as previsões feitas pela cúpula da Satiagraha, com o envolvimento de órgãos da mídia e das oposições, na missão de inverter os papéis dos atores participantes da trama, incriminando-se as Autoridades da PF e inocentando-se Dantas e sua turma.

É, parece teoria da conspiração, teoria de não sei mais o que, etc. Mas está aí, desta vez preto no branco. O inquérito da Satiagraha mostrou por A + B: Daniel Dantas corrompeu meio mundo, inclusive uma parcela considerável da imprensa. Isso não sou eu quem digo, está lá nas centenas de papéis que desnudaram a podridão de interesses entre Estado e iniciativa privada.

Os jornalões deram três ou quatro dias de holofotes para Dantas e depois começaram um processo deslavado de “absolvição” do banqueiro. Espetacularização da PF, excessos, loucuras, até erros de português estavam achando para achacar o inquérito do delegado Protógenes Queiroz.

Pois bem, todo mundo embarcou nessa. Nos bares não se fala mais de Dantas, Gilmar Mendes virou o ícone do Estado Democrático, do Estado de Direito.

E ontem, nosso querido Lula cedeu mais uma vez. Aqui em O Chorume já havia comentado que a CPI dos grampos tentava, nada mais nada menos, minimizar e criminalizar as ações da PF. Não deu outra, a Veja publicou uma matéria dizendo que Gilmar Mendes foi grampeado pela ABIN. Ótimo, perfeito seria se a reportagem se prestasse ao papel que ela teria que desempenhar, fazer jornalismo.

Segundo a revista: “O diálogo entre o senador e o ministro foi repassado à revista por um servidor da própria Abin sob a condição de se manter anônimo.” Como o país é um lugar de previsões, “eu acho que”, “eu penso que”, “eu suponho que”, Lula afastou ontem toda a diretoria da Agência de Inteligência, sob o pretexto de não atrapalhar as investigações. Dantas teria que ser preso pelo mesmo pretexto, mas está solto, solto pela mesma pessoa que é protagonista (Gilmar Mendes) da ação que fez Lula afastar a diretoria da ABIN. Parece mentira, mas é verdade!!!!
Um parêntese aqui: vocês devem se lembrar quando o repórter de O Globo filmou um diálogo particular entre dois Ministros do STF no julgamento do mensalão. A orquestração de palmas foi uníssona, um grande furo de reportagem. Não seria também um atentado a democracia? Um risco iminente (como bradam os jornais hoje) ao Estado de Direito?

Deixo claro, se foi a ABIN, que seja punida. O que não se pode é utilizar o debate para endossar uma articulação no mínimo, obscura, para livrar a cara de Dantas.

Paulo Henrique Amorim tem lá seus fanatismos e devaneios, algumas vezes extrapola um pouco em seu blog, sem dúvida. Porém, desta vez acertou em cheio:

“. Dantas destituiu o ínclito Delegado Protógenes Queiroz, com a desculpa de que cometeu “excessos”.
. Dantas demite agora o Dr. Paulo Lacerda da Abin, numa patranha montada com a Veja e Gilmar Mendes.
. O Presidente que tem medo entrega o poder a Gilmar Mendes, com medo de Dantas.
. O Presidente Lula não pôde ter uma Policia Federal Republicana nem um diretor da Abin competente.
. Ele é o que está aí: subordinado ao Supremo Presidente do Supremo.
. Triste fim de Governo !
. Deposto por um quadrilheiro, amparado pelo Supremo!”


Confesso amigos, acho que desta vez até minha ingenuidade utópica de um país melhor foi pelo ralo.

sábado, 30 de agosto de 2008

Lévy e Mattelart, Política e Comunicação.

O crescimento meteórico da informática a partir da epopéia neoliberal de final de século trouxe uma nova configuração ao sistema comunicacional no planeta. Obviamente, o estudo das novas tecnologias de comunicação se dão desde os paradigmas mais primórdios. Do funcionalismo pragmático, passando pelo conceitual crítico até o pensamento midiológico e a "criação" da Aldeia Global. Porém, a necessidade de informação "Live" 24 horas por dia, traz um mosaico de alterações constantes e surgimento de inúmeros, e infinitos, espaços comunicacionais.

Dentro desse bojo, o filósofo Pierre Lévy, estudioso ímpar da nova cultura cibernética, joga algumas indagações essenciais dentro da discussão teórico-paradigmática que visa problematizar de maneira crítica o novo paralelo entre a cibercultura e a função cognitiva dos grandes transformadores da organização espacial, os intelectuais.

Lévy nos indaga com a pergunta: "Nesta nova situação, não é urgente redefinir a função dos intelectuais?".

Para um primeiro momento, o filósofo define a atuação intelectiva contemporânea e como explorar de maneira plena este novo espaço e como fazê-los trabalhar a serviço de uma unidade social e da inteligência coletiva.

No tocante a tabulação do problemas, o artigo destaca dois principais. Um subgrupo definido enreda a grande pluralidade e multiplicidade dos novos sistemas de comunicação tecnológica, ou seja, incompatibilidade de uma organização, nova, e cabível para que se possa configurar o ciberespaço a partir das novas teorias críticas.

Nesta mesma esteira de raciocínio, o segundo subgrupo, mostra como a engenharia da internet só contribui para a simplificação, alienação e pragmatização das questões conceituais. " Lembremos que o Google e o Yahoo baseiam suas pesquisas em cadeias de caracteres e não conceitos. Por exemplo quando o usuário solicita a pesquisa "cachorro", esta palavra é tratada como a seqüência de caracteres "c,a,c,h,o,r,r,o", e não como um conceito traduzível em várias línguas...", afirma Lévy.

Assim, com a dependência cada vez maior dos meios de comunicação, como criar um sistema universal com gestão de conhecimento?

O autor se apóia em duas observações principais sobre a criação do sistema, a primeira fala da amplitude do sistema, ou seja, fazer com que ele envolva todas as línguas e teorias, sem preconceitos socialmente pré-estabelecidos.

O segundo ponto é do tipo matemático. Ao passo que os endereços matemáticos criam operações de análise operacionais e automáticas, as teorias não podem ser assim, por isso é necessário repensar essa questão.

A objetivação dos conceitos teóricos em plena sociedade da informação, mostram como o esvaziamento intelectual se dispõe como grande empecilho para o desenvolvimento da cultura nos próximos anos.

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Mattelart, em seu artigo, "A batalha das palavras", mostra a evolução do conceito de sociedade em rede e como isso se deu em paralelo com um crescimento teórico-intelectivo quase pueril.

A guerra fria foi o primeiro contextualizador dessa tipo de sistema em rede dentro da nossa organização espacial. A partir de 60 e 70 ela ocorreu de maneira mais perceptiva.

O crescimento dos meios de comunicação de massa e a política de esvaziamento sócio-ideológico. A indústria cultural que começava a ser construída pelos EUA já dava sinais de domínio midiático diante da emergência da sociedade de consumo.

A partir da década de 80 a falta de participação do Estado, debruçada na falsa idéia de livre "iniciativa", e o crescimento de Tactcher e se neoliberalismo deram ainda mais base de sustentação ao domínio midiático

Em 90 o estágio que seria o passo mais importante o surgimento da internet faz com que as fronteiras comunicacionais fiquem cada vez mais curtas. Foi ela, internet, a catalisadora de uma hegemonia dogmática e de formatação dos debates de mídia (agenda setting).

O autor cita que em 2001, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) propôs a criação de uma noção estatística da informação, calcando ainda mais o paralelo entre informação e mercado.

Uma das grandes críticas é sobre a questão do controle do que é acessado na rede, que fica por conta, mesmo que indiretamente, dos EUA. Logo o controle do fluxo informativo fica mais palpável, apesar da internet ser infinita.

Assim, dentro desse prisma, voltamos ao direito de comunicação mais primórdio, visto que hoje em dia esse instrumento não se encontra plural e democrático como deveria ser. O sentido vertical impera hoje como nunca, nesse cenário de alienação e dominação, o debate em torno do quarto poder e sua relação com o meio social se transformou em um dos principais temas do século XXI.

Os dois autores trazem uma abordagem muito parecida, porém, vistas de um ângulo diferente, mas sempre problematizando o debate prospectivamente.

A fase pós-industrial, que traz consigo a sociedade em rede, a despolitização e o esvaziamento do Estado, traça um novo desenho na configuração, com a mídia como um gestor da sociedade contemporânea.

Para Levy, a complexidade do problema está justamente na contradição entre um crescimento das tecnologias dos veículos e a diminuição de debates subjetivos diante dos temas.

Esse pragmatismo é fruto de uma sociedade, cuja linearidade do discurso se explica pela objetivação e formatação das discussões. Assim, os que "mandam", não vêem como um negócio interessante um avanço prospectivo dos indivíduos, o que não sustentaria a organização consumista-capitalista,

Mattelart, também foca o problema da relação mídia – social, porém com enfoque um pouco diferente.

A emergência da sociedade em rede trouxe o controle do fluxo de informações, é a ditadura midiática. Poucas corporações tem em mãos toda a máquina de comunicação e manipulam da forma que bem entendem tudo aquilo que é publicado.

Quando a mídia vende a idéia de acesso fácil e pluralidade, ela está, nada mais nada menos, objetivando (Levy) e formatando (Mattelart) o discurso ao invés de criar mecanismos crítico – argumentativos para uma leitura do mundo mais prospectiva.

Os dois autores mostram como a atuação da mídia hoje é um dos grandes vetores do capitalismo e do esvaziamento educacional. Traçam, também, algumas tentativas de solução para o problema, que passam pela velha, porém, indispensável, retórica da formação educacional e da mídia sem o teor mercadológico dos novos tempos.

No momento em que a informação vira mercadoria e o pragmatismo substitui a subjetividade, um cenário sombrio se monta em nossa geração. O ano de 2007 foi um passo muito grande para a democratização dos meios de comunicação, o advento da internet não trouxe só problemas, como é um campo infinito de pesquisa, há cada dia surgem blogs e sites nos quais a crítica aos oligopólios de comunicação são cada vez mais constantes.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Política e Petrosal

Mais uma vez o Brasil está se deixando levar por debates meramente políticos. Mais uma vez o projeto de um país unificado tem como pano de fundo birras entre governo e oposição.

Exemplos não faltaram durante o governo Lula. Questões que não quero aqui defender ou atacar, mas que pela falta de discussões prospectivas, viraram joguete partidário no planalto. Vejamos alguns exemplos: referendo do desarmamento, CPMF, CPI´s etc.

O folhetim do momento é a criação de uma outra estatal para administrar os ativos do governo na área petrolífera do Pré-sal. O grande mote do debate é deixar a Petrobrás gerir a área e assim o governo ter direito a um repasse menor de verbas ou criar a “Petrosal”(possível nova administradora estatal).

Obviamente, a oposição não quer o Estado arrecadando mais e investindo mais, é a velha lógica, quanto pior for o governo melhor para oposição, pior para o País. Além disso, criticam, de maneira correta até certo ponto, a questão dos cabides de empregos e os loteamentos de cargos.

Acredito que a criação da Petrosal, se feita de maneira correta, pode ser um grande propulsor de desenvolvimento socioeconômico. Seria uma lógica simples, sabendo-se que o “ouro negro” é um bem finito, os recursos (em dólar) arrecadados através dos seus ativos seriam destinados a um Fundo Soberano, sendo este encarregado de fomentar uma visão estratégica da nação, principalmente nas áreas sociais e de infra-estrutura. Além disso, ao reter a enxurrada de dólares e investir de maneira correta, tirará a pressão da moeda americana sobre o Real, amenizando apreciação exagerada do câmbio.

A Carta Capital deu alguns exemplos interessantes das questões do Petróleo em combinação com os Fundos Soberanos. Em Dubai, a aplicação dos roiyalties foi bem feita e hoje se pode viver sem os “petrodólares”. Deu exemplo interessante também da Venezuela, que há décadas nada de braçadas em dólares petrolíferos, no entanto sofre altíssima pressão cambial, pois não investiu a longo prazo e vem quebrando a indústria interna com a moeda muito apreciada.

Enfim, acho que vale o debate, debate na essência de palavra. Sem dúvida, temos vários exemplos de estatais que são cabide de emprego, alías, acho que todas são. No entanto, acredito que ao invés de não criar ou não fazer ou não investir, precisamos tentar construir alguma coisa e a partir disso fiscalizar de maneira correta todos os cargos, o destino dos investimentos e a real contribuição que a sociedade está recebendo.

Não quero defender ferrenhamente muito menos criticar cegamente, se houver um verdadeiro projeto de coalizão para não criar a empresa, ótimo, se resolverem criar, ótimo também. Não podemos é deixar as riquezas estratégicas do Brasil a mercê de politicagem entre governo e oposição.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Análise Sócio-Política Olímpica.

Mais uma vez o jornalista (?) Reinaldo Azevedo ensina como não se fazer Jornalismo.

Bom, leiam o texto (http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/08/tio-rei-na-olmpada-sejamos-egostas.html) que ele fez. Depois segue uma análise minha.

A questão do choro ou da desculpa, como queiram, é um momento de pura emoção, são quatro anos treinando para cair no momento final, morrer estendido na areia da praia depois de atravessado o oceano. É MUITO difícil, só quem vive pode descrever. As desculpas não são nada demais, tantos outros atletas já pediram desculpas, o próprio “Dream Team” pediu nas últimas olimpíadas.

Enfim, nada tenho contra pessoas que pedem desculpa para alguém que cria expectativas sobre ele, nada mais normal para pessoas normais. Não me venham com essa de síndrome de derrotado, puro "americanismo".

Quando ele fala sobre o clichê derrotista, fala com nenhuma propriedade. Qualquer pessoa ligada a esporte sabe que o Brasil é um dos que mais cobra seus atletas em esportes tradicionais, repito, tradicionais!

Vamos lá, exemplos: Se o futebol for vice-campeão mundial, vai ter clichê derrotista ou todo mundo vai descer o pau? Se o vôlei masculino for eliminado na primeira fase seremos seduzidos pelo "importante é competir" ou vamos descer lenha?

Um exemplo que cristaliza a cobrança sobre os atletas de alto nível pode ser Rubinho Barrichelo. Ele foi o segundo melhor piloto do mundo, SEGUNDO, e daí? Tivemos a tal síndrome derrotista que o Reinaldo escreve ou Rubens virou chacota até hoje?

Assim, precisamos comemorar sim quando APENAS competimos na Ginástica, no tiro, no nado sincronizado, no ciclismo, entre outros.

Obviamente que os atletas competem por si só, sem dúvida. Mas não me venham com essa história que só vencem os egoístas, vence quem humilha adversário, vence quem não chora no pódio, vence quem esquece seu país. MENTIRA.

Os atletas são a representatividade do país sim, representatividade da educação, da superação, do esporte como complemento social fundamental para o desenvolvimento, são espelhos para sociedade, por isso tem as devidas responsabilidades sociais.

Infelizmente, aqui no Brasil ainda não funciona assim, o esporte é escape social e não complemento. Mas espero, ao contrário da maioria que escreve besteira por aí, que o país cresça espelhado nos esportes, usando tanto o "importante é competir" quanto "a vitória é a única coisa que importa" da mesma forma, um meio termo, sem ser preconceituoso ou minimalista.

Paternalismo exacerbado? Que isso, até o “Super Phelps” se emocionou com a mãe na última prova, pelo amor de deus Reinaldo, reduzir os problemas estruturais esportivos e sociais do país aos laços familiares é demais. Esse "culto" a que você se refere é social, cultural do nosso país, todo mundo sabe o que cada pai humilde ou cada empregada doméstica sofre para criar os filhos, nada mais normal que os laços se aflorem em momentos especiais.

Dizer que temos que cortar esses laços para criarmos vencedores???!!!Forçou um pouco dessa vez Azevedo.

A bandeira no pódio, o hino, saber que milhões (e não só no Brasil, em TODOS os países) torcem por você é importante sim para o atleta, isso é indubitável. Não quero ser romântico, ufanista, etc. Mas não se pode minimizar os problemas do Brasil à críticas preconceituosas, individualistas e extremamente egoístas.

Vocês estão lendo muito Ayn Raid, variem um pouco!!!

OBS: Fiz esse comentário no blog do Reinaldo, porém, não foi autorizado por ele, assim não foi publicado.
Em tempo:
A discussão da vez é a criação de uma empresa para administrar a área do Pré-sal.
Pra variar, a oposição já bradou sobre criação de cabide de empregos, estado inchado e aquela baboseira de sempre.
Uma coisa é fato: não podemos criticar a Petrobrás por ser muito estatal ou muito privada. Ela consegue dividir os dois interesses com grande eficiência, sem parcialidades. Sendo essa nova empresa ligada a ela, acredito que não seria diferente.
Bom, ainda tem muito pano pra manga. Vamos aguardar os próximos debates.
Em tempo 2:
Os quase 70% de aprovação de Evo Morales na Bolívia desbancam as principais teorias que a grande imprensa fala por aí.
Que as autonomias não passam de uma demanda de um pequeno grupo oligárquico sem um real apoio popular e, mais ainda, as cotidianas queixas de políticos opositores e analistas assinalando que o de Evo Morales é um governo sustentado por um fundamentalismo indígena que havia perdido as classes médias e governava encurralado na Bolívia andina.
Reflexo, sem tirar nem por, da parcialidade midiática.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Geopolítica?

Nos últimos anos temos visto um vazio identitário por parte da geografia humana, faculdades e universidades se limitam a formar professores e ambientalistas nos cursos. Algumas ciências como, história, ciências sociais e políticas e economia estão ocupando o lugar que poderia ser preenchido pela geopolítica. Algumas pessoas (como o próprio autor) tem um segundo grau recheado de bons debates nas aulas da disciplina - ao contrário de décadas passadas aonde víamos um determinismo ambiental e uma geografia totalmente pautada em observações e intuições - buscando analisar de forma político-social a miscigenação entre o homem e o meio, a partir dessa geografia escolar essas pessoas buscam se especializar na área mas encontram um buraco enorme entre a geopolítica e a geografia das faculdades.

A geografia viveu um movimento muito forte de renovação e rompimento de paradigmas nas décadas de cinqüenta e sessenta, a chamada “geografia tradicional” entrava em crise, era preciso buscar novos caminhos e novas linguagens para que houvesse uma liberdade maior para reflexão e criação.

As razões dessa crise foram, em primeiro lugar, a organização espacial que sustentava as idéias da geografia tradicional havia se alterado. O modo de produção capitalista mudou, o liberalismo econômico estava enterrado, e com ele as grandes iniciativas privadas, era a hora do estado intervir na organização territorial e econômica da sociedade, essa realidade propõe uma nova função para as ciências humanas na época e a geografia tradicional não parecia seguir esta linha, daí o principio de uma crise ideológica.

Num segundo momento podemos observar um processo de desenvolvimento urbano muito acelerado, cidades passam a se transformar em megalópoles e as comunidades locais dão lugar a uma rede de relações e interesses muito complexos, era o embrião da globalização. Isto defasou o objeto de pesquisa da atual geografia, ela não tinha mais condições de entender e estudar a nova forma de organização do espaço urbano.

Porém esse movimento de renovação não e unitário, devido à enorme quantidade de caminhos e pensamentos ideológicos, o mosaico dessa nova geografia e muito abrangente e pode ser dividido entre a Geografia Pragmática e a Geografia Crítica, nas duas vertentes podemos observar posturas filosóficas e metodológicas diversificadas.

A ala pragmática visa uma perspectiva voltada para o futuro, como vimos o planejamento urbano passa a ser objeto de estudo das ciências humanas, então essa geografia busca alinhar esse planejamento em função do interesse do capital burguês. Esse novo braço da geografia nada mais é do que uma “Geografia tradicional” um pouco aperfeiçoada. Uma das vias da Geografia pragmática, e o entendimento das relações por meio de números e fórmulas matemáticas, o que e amplamente deixado de lado pelos defensores da linha crítica.

A geografia que nos interessa realmente é a critica, são autores que se posicionam por uma transformação da sociedade a partir dos seus estudos. Os seus defensores começam a buscar uma geografia militante e com pitadas de política e ideologia, buscando uma realidade social mais justa.

A principal critica que esse movimento faz à geografia tradicional, é o aprisionamento dos seus estudos em simples descrições ou intuições de uma paisagem.

Outro ponto que é questionado é a estrutura de dominação de classes, os geógrafos críticos apresentam uma geografia com caráter social e classista, buscando combater o abismo social do modo de produção capitalista.

Um dos primeiros livros a apresentar a geografia de forma política, e mostrar uma crítica ferrenha aos modos de pensamentos tradicionais foi A Geografia serve, antes de tudo, para fazer a guerra. Yves Lacoste, em seu livro, mostra a geografia dividida em duas vertentes: a “Geografia dos Estados-Maiores” e a “Geografia dos Professores”.

A primeira seria uma ciência que sempre existiu, todos os grandes estrategistas de guerra (Napoleão, Alexandre ou Hitler) sempre tiveram projetos ligados a noção de espaço e organização territorial. Essa Geografia seria, na prática, para estabelecer estratégias de domínio, e ações de guerra na superfície terrestre.

A segunda seria a denominada Geografia Tradicional, para Lacoste ela exerce uma função principal, mascarar a existência da Geografia dos Estados-Maiores, ou seja, mostra a geografia como um saber inútil, mas ao mesmo tempo é a base para as pesquisas de guerra dos principais Estados.

A partir desse final da década de setenta, a geografia política sai dos círculos militares e entra em uma visão integrada de espaço, em uma perspectiva popular, socializando o saber geográfico, pois ela passa a se tornar fundamental para constituir uma nova organização espacial e dar embasamento para embates políticos e sociais.

Tendo todo esse cenário de transformações e melhoramentos, como pode a Geopolítica ter sumido?

Um primeiro ponto, sempre muito debatido nas faculdades e salas de aula é o velho ditado que diz assim: “a geografia é um oceano muito extenso e pouco profundo”. Apesar de não concordar muito, a frase não deixa de estar certa, em certos momentos a aluno se vê meio perdido diante da gama de assuntos abordados, e acaba por não se aprofundar em nada e cai na sala de aula, como última opção (sem desmerecimento à classe obviamente).

Assim, dentro de muita coisa com pouco conteúdo a ciência perde espaço para as outras se esboçar nenhuma reação. Quer ser geógrafo ambiental? Perde a vaga para o engenheiro. Quer a geografia de solos? Perde para o Geólogo. Quer ser humanista? Aí que está ferrado mesmo, fica atrás de sociólogos, economistas, cientistas sociais etc.

E, como tudo, acaba caindo no ramo mercadológico, até porque os profissionais tem que sobreviver, e aí vão dar aula em cursinhos, colégios, faculdades, deixando de lado pesquisas, análises sociais e projetos ambientais.

Um parênteses aqui antes do fechamento do artigo, não busco, em momento algum, menosprezar a classe acadêmica, até porque considero os professores grandes artistas, mas acredito que a Geografia pode oferecer muito mais do que aulas.

O Geógrafo tem na sua crítica, também o seu diferencial.O olhar mais amplo que os estudos geográficos proporcionam enxergam além das análises técnicas e pragmáticas de um economista, por exemplo.

Finalmente, espero muito um reerguimento da Geografia na sua essência, espero porque como muitos, que hoje entram nas faculdades para ter na disciplina sua profissão, eu um dia já entrei e vislumbrei todo esse mosaico que apresentei aqui.

Milton Santos faz falta!!

Em tempo :

A CPI dos Grampos nada mais é do que uma palhaçada.

Estão tentando minimizar e acabar com a Operação (brilhante) Satiagraha, que botou na cadeia os engravatados mais importantes do país.

Aliás, perguntar não ofende.

O que a discussão em usar ou não algemas vai mudar a estrutura do país?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Nova Guerra Fria?

Enquanto a ameaça de uma guerra surge na Geórgia, a disputa geopolítica entre Estados Unidos e Rússia fica cada vez mais clara. A conflagração armada nunca esteve tão próxima da fronteira russo-georgiana. O conflito começou quando tropas da Geórgia tentaram tomar o controle da região de Ossetia do Sul, área, de fato, autônoma e protegida por forças russas.

A disputa reflete, nada mais nada menos, do que uma disputa de forças entre Rússia e EUA, uma nova Guerra Fria, que parece estar esquentando cada dia mais.

Após a abertura econômica com Gorbachov e Yeltsin, a mão forte do Estado voltou a pesar na Rússia, com Putin, o que tem levado o país a desentendimentos constantes com a política norte americana. Observadores mundiais e a grande mídia acusam, desde o início da "era Putin", a nação de cercear os direitos civis e a liberdade de expressão.

Os disolvidos estados da antiga União Soviética tomaram rumo próprio, alguns já integram a União Européia, outros a OTAN, o que não agrada muito ao governo russo, cujo desejo de centralidade de poder do leste Europeu ainda parece estar aceso.

Por outro lado, o Tio Sam é quem puxa esta "ocidentalização" dos antigos países da URSS. Além disso, a proposta de montar uma base militar no centro da Europa é outro tema que beira o belicismo entre as duas potências.

Ainda como pano de fundo de toda este folhetim, estão áreas da Ossétia do Sul e da Geórgia estratégicas nas áreas de petróleo e gás.

O fato é que a política imperialista dos EUA incomoda Putin, assim como estes resquícios da grande URSS incomodam Bush, com isso a disputa por influência mundial já está chegando a níveis preocupantes, e a militarização direta dos dois países pode ser uma mistura explosiva para uma Guerra que já foi Fria.

Em tempo 1:

É um total absurdo o que fazem com Evo Morales na Bolívia. Não quero discutir se o seu governo é bom ou ruim, democrático ou autoritário. O fato é que Evo foi eleito de maneira soberana e democrática, o que as Regiões separatistas fazem é puro Golpe de Estado. E o pior, tudo isso endossado pelos observadores (?) mundiais.

Com a esmagadora vitória no referendo, Morales mostrou sua força e, principalmente, o desejo de mudanças dos povos indígenas da região.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL688102-5602,00-ENTENDA+O+REFERENDO+REVOGATORIO+NA+BOLIVIA.html

Em tempo 2:

Enfim, mandaram Álvaro Lins pro saco.

Nos resta torcer pela degola Natalino, Jerominho e outros derivados.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Eleições 2008

As eleições no Rio parecem estar engrenando ainda. A salada dos candidatos é variada, tem pra todos os gostos, liberais, esquerdistas, muristas e etc.
Crivella vem aparecendo como certo no segundo turno, sendo o segundo lugar disputado a tapa por Jandira, Eduardo Paes e Gabeira.
Labirintos a serem ultrapassados não faltam. A era César Maia não deixou muitas heranças benditas.
Ninguém sabe mais o que é Estado o que é Poder Paralelo, a fusão dos dois montou uma nova organização espacial no Rio. Os debates hoje passeiam pela retórica de eleger um "menos ruim", como se cada carioca carregasse um fardo eterno de compensações por morar na cidade maravilhosa. Há quem defenda as milícias, são mais seguras, dizem eles. Outros, o tráfico, ajudam a comunidade, dizem seus defensores. E o pior é ver alguns jornalistas, especialistas e outros "istas" caírem nesta porfia imbecil de "melhor ou pior".
A educação então, nem se fala. Primeiro, nossos servidores foram "convidados" a passarem suas contas-salário para o Santander. Coincidência ou não, o banco financiou a campanha do "Paladino da Ética" Rodrigo Maia. Depois foram as aprovações automáticas, meu deus, essas dispensam meus humildes comentários.
O pior de tudo é que se o danado se candidata de novo ele leva, mais ou menos um Paulo Maluf "praiano".
Enfim, não acredito que o bispo vá levar esse ano não, sua rejeição é muito grande. No entanto, a ala esquerdista parece não aprender nunca e mais uma vez vem completamente rachada: Molon, Jandira, Paulo Ramos, Chico Alencar e Gabeira disputam basicamente o mesmo nicho de votos. Solange Amaral não deve conseguir se eleger às custas do atual prefeito e não se transformará num "Conde de saias". Eduardo Paes vem com sua campanha milionária, não aguento mais ver seu rostinho tipicamente "pmdebista" nas ruas do Rio.
Vamos aguardar, a disputa do segundo turno promete.
Em tempo 1:
Semana passada assisti o finalzinho do debate de São Paulo, na Band.
O páreo na terra da garoa vai ser duro também. Uma enfraquecida Martha, um (sempre!!) inexpressivo Alckmin, o eterno "Maluf", um estático Kassab e uma animada Soninha.
O debate foi equilibrado, com destaque para Maluf e Martha, mais acostumados aos atalhos da política. O "chuchu" mais uma vez foi fiasco, definitivamente não leva jeito pra coisa. Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL) tentaram se apresentar como novidades, porém, sem discursos empolgantes.
Antes de me despedir não posso deixar de frisar o lema bradado por Paulo Maluf no debate: "Em São Paulo ninguém anda 1km sem pisar numa obra minha". Abram o olho, se alguém piscar ele volta nos braços do povo!!!!
Em tempo 2:
Chega a ser ridícula a campanha que a mídia nacional faz contra a integração da América Latina.
A primeira página de "O Globo" apresentava em letras garrafais que Chávez tinha se intrometido no encontro de Lula e Cristina Kirchner. Todos sabem que o trio não reza a linha editorial dos veículos de Pindorama, merecendo desqualificação permanente. Agora, entrar nessa onda conservadora de lideranças, autonomias e negociações bilaterais é balela.
Sem dúvida, os três governos são passíveis de muitas críticas, agora não podemos cair no preconceito simplista da nossa imprensa.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Os juros e a Inflação.

O dilema do FED, nos Eua, está mais ou menos assim: se sobem os juros, combatem a inflação mas afetam o crescimento; se reduzem os juros, estimulam o crescimento mas aquecem a inflação

Por aqui, o flauta toca um pouquinho diferente. As contas externas já fazem sombra, e que sombra, nas reuniões do COPOM e como os juros não descerem quando tinham que descer, agora o negócio ta ficando complicado.

Os cabeças de planilha não têm o menor vacilo: em qualquer hipótese, sobem os juros. Mesmo tendo de administrar quatro problemas: inflação, crescimento, dívida pública e contas externas. Não há avaliação da relação custo-benefício de uma pancada de 0,75 ponto na taxa Selic.

Alguns dados que peguei do blog do Nassif, são relevantes:

1. Em termos de dívida pública, significa R$ 4,8 bilhões adicionais em pagamento de juros. É quase meia Bolsa Família.

2. Em relação às contas externas, significará derrubar mais ainda o dólar, em um momento de franca deterioração do déficit externo.

3. Em relação ao próprio combate à inflação, significa tornar muito mais virulenta o refluxo do câmbio. Quanto maior a queda, agora, mais intensa será a desvalorização quando o mercado perceber a não sustentabilidade do déficit.

O mais interessante é que as coisas estão acontecendo ao contrário. Se não vejamos: quando a inflação estava ladeira acima o BC subiu 0,5 os juros, agora quando as commodities internacionais parecem estabilizadas, pimba, 0,75 neles!!!

Os últimos dados da FGV mostram uma menor pressão do preço dos alimentos. Suponha que os preços internacionais de commodities mantenham o mesmo nível atual, já que é quase impossível supor altas adicionais nas cotações. Significará, no mínimo, que não haverá inflação de alimentos no segundo semestre.

Caso ocorra uma valorização do dólar, haverá tendência de queda nas commodities, reduzindo um dos principais fatores de pressão sobre a inflação.

Não seria má idéia a turma do BC segurar os juros e aguardar mais algum tempo observando o desenrolar desses processos.

Principalmente porque há um espaço de tempo entre aumentar juros e esses aumentos refletirem diretamente na economia. Pode ser que a insistência na elevação da taxa possa fazer efeito quando os preços internacionais estiverem mais serenos, ai teremos contas externas destruídas, dívida pública crescente e desaquecimento econômico.

Aguardemoss....

terça-feira, 22 de julho de 2008

Brasil, sexo e Lexotan.

Apologias vendidas, políticos corruptos; congresso comprado, povo acomodado; estado falido, banqueiros ricos; burguesia no champanhe, povo na miséria.

O mundo anda, o Brasil pára, na Europa vão às ruas, aqui ficamos sentados em nossos escritórios, o que nos torna cegos estruturais, não queremos ver nada, ninguém, porra nenhuma, vimos apenas o Eu, o "Mim", a orgia, o sexo.

Assim como o machismo vigente (ainda) nos leva à eterna putaria, essa putaria nos leva ao planalto central e anda em paralelo com a sacanagem dos desvios de verba, orgias com dinheiro público, noites de prazer rindo do contribuinte, inúmeras "entradas" (por trás) em habeas – corpus, brechas na lei, e nos vigaristas do Judiciário, que por fim gozam de suas vidas arrogantes, agressivas, bandidas, sonegadoras, indecorosas, ordinárias, e principalmente (e infelizmente) nababescas e "gloriosas".

Nossa bandalheira virou um prazer, um esporte, um hobby, para indivíduos que se tornaram profissionais da sodomia política nacional.

Imaginem as noites de "prazer" de Rodrigo Maia, ou as sacanagens de Paulo Maluf, ah, também temos as fodas de Dantas e as eternas transas políticas que se perpetuam num gozo infinito apoiadas pelos coronéis e caciques que comandam os nossos "exércitos" e "tribos".

Só me resta dizer, puta que paril!! Depois de tudo, quando a classe "merda" possui noção disso, ela não só toma consciência de um problema estrutural, toma também um lexotan, e dorme como se a orgia nacional se limitasse aos quartos de motel

terça-feira, 8 de julho de 2008

Até Quando?

Enfim, Daniel Dantas rodou.
Em mais uma operação excelente da Polícia Federal, foi desbaratada uma quadrilha de primeira: Naji Nahas, Celso Pitta etc. Homens que tiveram atuações, no mínimo, suspeitas, principalmente na época do Tucanato.
Segundo a PF:
As investigações iniciaram há quatro anos, como desdobramento do caso "Mensalão". A partir de documentos enviados pelo Supremo Tribunal Federal para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 2ª Vara Criminal Federal. Na apuração foram identificadas pessoas e empresas beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos.
Baseadas nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma grande organização criminosa, comandada por um banqueiro, envolvida com a prática de diversos crimes. Para a prática dos delitos, principalmente desvio de verbas públicas, o grupo possuía várias empresas de fachada.
Com o andamento da apuração, foi descoberta a existência de um segundo grupo formado por empresários e doleiros que atuavam no mercado financeiro como forma de "lavar" o dinheiro obtido em negócios escusos. Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização atuava no mercado paralelo de moedas estrangeiras.
Como ja havia publicado no Blog, Dantas ia receber um "cala a boca" de 1 bi pela criação da BrOi. O "mago das privatizações" no governo FHC, que na privatização da telefonia montou um esquema pelo qual assumia o controle da Brasil Telecom, com dinheiro da Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), da Petros (dos funcionários da Petrobrás) e da Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica - além do Citibank, dessa vez se deu mal.
É interessante perceber que o processo foi desencadeado pela PF desde o mensalão. No entanto, no mensalão alguém viu o nome de Dantas sendo citado na grande mídia? Eu não vi. O que dirá Miriam Leitão amanhã? "Inflação galopante assusta o Brasil", deverá ser a chamada.
Vamos ver até quando o STF, que já soltou os bicheiros de Álvaro Lins, vai deixar Dantas preso. O Presidente Supremo Gilmar Mendes deu entrevista ao jornal nacional em que critica a “espetacularização” das prisões que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram hoje para interromper a atividade criminosa de Daniel Dantas e uma de suas múltiplas quadrilhas (clique aqui para ver que não falo mentira).
Espetacularização? Faz-me rir né, não duvido que acordemos amanhã com o banqueiro solto por aí.
Em tempo:
Hoje o dia foi cheio, além da operação da PF, Paulinho da Força Sindical prestou depoimento no conselho de Ética.
Foi muito seguro em todas as suas respostas. No entanto, confesso que nunca acreditei muito numa relação transparente entre Força Sindical, BNDES, ONG´s, etc...
Vamos ver no que dá!!!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Nossa Imprensa

Dois fatos interessantes apareceram nos jornais esse último mês.

A multa aplicada na Revista Veja e na candidata à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, em função da concessão de uma entrevista à Revista. E a decisão do STF de suspender alguns artigos considerados autoritários da Lei de Imprensa. Os dois fatos trouxeram um sem-fim de debates na grande mídia e fez emergir algumas discussões que merecem uma atenção mais delicada da, maior afetada direta e indiretamente dos fatos, imprensa.

Quando o deputado Miro Teixeira entrou com o recurso que pede a anulação total e irrevogável da Lei, ou quando a Liberdade de imprensa sofre algum tipo de ameaça, um labirinto complexo se debruça em nossa frente. De um lado, eliminamos de vez respingos ditatoriais ainda presentes, e muito presentes, em nossa sociedade. De outro, deixamos o caminho livre para uma mídia cada dia mais irresponsável e distante de alguns preceitos básicos que regem a profissão.

O embate que envolve mídia, grandes empresas e sociedade está longe de um desfecho pleno. Desde a metade do século XX e a consequente hegemonia dos meios de comunicação de massa, uma nova forma de ditadura acabou por se estabelecer. É simples, cada vez mais meios em menos mãos, um processo que endoça o receituário neoliberal difundido nas últimas décadas.

O Brasil não fugiu a regra. O regime ditatorial e os grandes conglomerados cresceram de maneira mútua. Os que hoje criticam ontem apoiavam. O caso da Ministra Dilma e do senador Agripino Maia foi de um didatismo político exemplar. Outro fato exemplificador é o dado que segue: "Cinqüenta e cinco deputados federais (10,7 por cento da casa) detêm concessões de radiodifusão. O Rio Grande do Norte encabeça o rol de maiores detentores: metade da sua bancada."(paulohenriqueamorim.com.br)

Essa configuração de aparelhamento ideológico e comercial da mídia cresceu com a epopéia do mundo neoliberal "sem fronteiras" da década de 90. É bom ressaltar que o tom exacerbado da disputa tomou conta dos dois lados, esquerda e direita (se é que ainda existem essas denominações hoje!!). Temos todos os aspectos da mídia neocon em veículos esquerdistas também, obviamente (e falo isso não por ideologismo), que em menor proporção. A patrulha capitaneada por Veja, Folha entre outros, tem adversários de peso, que algumas vezes, exageram cegamente numa defesa sem debates plurais, vide Carta Maior e PHA.

É dentro desse combate quase pessoal que a Lei de imprensa ainda cabe. Como? Perguntam os paladinos da liberdade de expressão. Respondo, não podemos dar mais campo para os assassinatos de reputações que vemos hoje. As matérias saíram dos debates para os embates, cada vez menos subjetivas e mais objetivas, mais pessoais, sem nenhuma preoucupação com a sonoridade que grandes temas ganham no âmbito nacional.

“Imprensa e democracia, na vigente ordem constitucional brasileira, são irmãs siamesas. Em nosso país, a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade, porquanto o que quer que seja pode ser dito por quem quer que seja”, afirmou o Ministro Ayres Brito quando defendeu as mudanças na Lei, em março. A ditadura no Brasil virou álibi para tudo e todos. As pessoas se cobrem numa cortina de defesa, onde baseiam todas as suas merdas nas bases democtáricas construídas no período pós regime militar. A grande mídia faz isso como poucos. Ela, que sempre apoiou o regime, agora veste a camisa da liberdade de expressão (no sentido banalizado do tema), e usa essa utopia do nosso regime democrático para construir sua fortaleza hegemônica alicerçada com medo, ódio e irresponsabilidade.

A complexidade do tema não traduz o tratamento que lhe é dado. No entanto, isso não é novidade pra ninguém, é mais lucrativo botar o Ronaldo e seus travecos na capa. Só acho que não podemos nos deixar levar pelo "espírito democrático" que os jornalões espalham por aí, pura balela. Precisamos sim que jornalistas (?) que praticam calúnias, jogos políticos e empresariais e demais assassinatos de reputações sejam punidos normalmente, sem a cobertura de uma falsa ideologia, que está mais perdida que nossa oposição.


Em tempo:

O resgate de Ingrid Betancourt, a prisioneira mais "famosa" das FARC, repercutiu de maneira interessante na imprensa.

Merval Pereira disse, na CBN, que tudo se deve ao conjunto de esforços da política de Uribe em conjunto com EUA e Israel, que juntos, estariam na luta contra o terrorismo. Obviamente, não deixou de dar uma alfinetada em Chavez e sua trupe, dizendo que o presidente Venezuelano pode ter financiado a guerrilha.

O engraçado é que aqui eles apoiam a política ultra repressiva e violenta de Uribe na Colômbia, no entanto, criticam quando Sérgio Cabral manda o BOPE subir Favela, falam dos direitos humanos. Há uma "pequena" contradição política ai, não?

É complicado fazer especulações de longe, uns já falam que Uribe pagou as FARC pelo resgate, outros batem palma. Uma situação bem complexa, que não se resolve nem com o "pacifismo" de Chávez perante a Guerrilha, nem com a intranigência EUA/Colômbia de Uribe.


Em tempo 2:

Vale à pena uma passada no Blog no Luis Nassif (http://luis.nassif.googlepages.com/home) para conferir a série de matérias sobre a Veja, principalmente a última, sobre o Governador Ivo Cassol. Passem o olho por lá.....

terça-feira, 1 de julho de 2008

Representatividade Democrática

Sempre em eterna discussão intelectual no país, nosso sistema político se encaixa em uma das vertentes da democracia clássica, a ala representativa, que se opõe à participativa, e atua soberana no Estado nacional atualmente.

O crescimento populacional em paralelo com uma organização espacial menos redundante, fez com que a democracia direta (onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto por votação) perdesse espaço no cenário sócio – político mundial em função da democracia representativa. As complexidades trazidas pelas transformações dos grandes centros urbanos, mostra a necessidade de uma certa especialização de tarefas, inclusive administrativas, ao passo que o Estado precisa de um mínimo de oficiais eleitos.

A frase "governo do povo, pelo povo e para o povo", pode cristalizar, de forma teórica, a essência do sistema representativo, que tem como alicerces teóricos alguns pontos como: direito a voto, igualdade perante à lei, plebiscito etc.

Nela, o governo é exercido em função do bem comum. Visa o aperfeiçoamento de todos, dando-lhes iguais oportunidades, favorecendo a aquisição dos meios básicos e necessários a esse aperfeiçoamento, defendendo os direitos do homem e facilitando-lhe o cumprimento dos seus deveres.

Na democracia, o povo participa do governo pelo voto, pelo plebiscito. As Leis, medidas, emendas e programas sócio – econômicos saem daqueles que foram escolhidos pela população para serem seus fieis representantes. Este regime de governo não é sistema fechado e rígido. Qualquer cidadão pode se tornar representante do povo e passar a legislar como representante da sociedade também. Ele se molda conforme as necessidades e a evolução do povo.

O governo democrático age "livremente" na pauta das leis e projetos em vigor, mas o povo a fiscaliza e julga através de eleições e plebiscitos. A democracia promove, nos indivíduos, o senso da própria dignidade e responsabilidade, já que depende dele a eleição ou não, de seus representantes legais no governo. Garante melhor os direitos da pessoa humana, pois os oficiais eleitos estão ali, única e exclusivamente, no intuito de dar em troca do voto, subsídios para que os indivíduos tenham qualidade vida, mobilidade social e todos os seus direitos garantidos por leis.

Outro ponto que sustenta as bases alicerçais democráticas é o princípio do "Pro Deo", onde o Estado deve favorecer a prática das Leis superiores que tem a sua última instância em Deus, e garantem que novas idéias não suprimam a liberdade social do povo.

A grande questão fica por conta de que todos esses pressupostos teóricos vão pelo ralo quando o país assume um sistema democrático, mas não possui bases estruturais para mantê-lo de forma correta e sustentável.

Em países subdesenvolvidos a democracia que se instala é apenas mais "braço" da dominação política neoliberal, escondida atrás de programas assistencialistas, grandes empréstimos e garantia de dependência externa.

Quando a sociedade não toma consciência política do voto, ele deixa de ser uma forma de participação popular e passa a ser mais um mecanismo alienador. Com isso há um afastamento natural entre quem vota e quem é votado. O esvaziamento ideológico e a banalização do debate político fazem com que os cidadãos votem em função de medidas imediatistas, assim, logo depois de eleito, político e indivíduo se afastam, ao passo que um não fiscaliza o outro e o outro não repassa as necessárias benesses para que o povo possa viver de forma igualitária e plena.

A experiência mostra que a democracia quando bem conduzida, e ajudada por uma população politizada e conscientizada faz com que os países democráticos se desenvolvam mais a contento de todos, com mais rapidez e eficiência do que os totalitários. Quando praticada nos países de maior cultura política, é tão bem aceita, que até os regimes ou movimentos totalitários se declaram democráticos.

Antes da instalação de qualquer sistema político a sociedade precisa estar preparada, não só para manter o determinado sistema, mas também para operá-lo de forma sustentável e produtiva, só assim a democracia se torna um mecanismo político interessante. Se a organização social continuar da mesma maneira, os meios democráticos se limitam a ser mais um tentáculo da política capitalista para segregar, alienar o povo, e para que paire no ar uma pseudo – sensação de liberdade.

Em tempo:
Todo esse "embromation" acadêmico que vos escrevo serve para embasar e mostrar como nossa "representatividade democrática" está em baixa.

No último post mostrei todas as lambanças na Providência, e como, mais uma vez, nos deixamos levar por imediatismos.

Agora, para "consertar" séculos de sociedade mal estruturada, polícia medíocre, base educacional zero e um código de trânsito bisonho, somos presenteados com essa lei ridícula contra os motoristas.

Sem dúvida, álcool e direção não andam juntos, mas não é de forma repressiva que o problema vai acabar. Não é cerceando a liberdade que a coisa se resolve.

De novo, e isso não vai acabar nunca, precisamos de leis tapa buracos que arrebentam com grande parte da população que cumpre corretamente seus deveres.

Não bastasse a decisão absurda da Justiça Eleitoral de multar candidatos e a Veja (estou defendendo a Veja!!!!!) em função de entrevistas concedidas em ano eleitoral, não bastasse a idéia da Justiça Gaúcha em criminalizar o MST, não bastasse toda a palhaçada do caso exército/providência/governo, não bastasse isso tudo, agora temos mais essa.

Espero não ouvir o passo dos coturnos novamento em nossas ruas!


Em tempo 2:

Mais um jovem morre na noite carioca. Ai meu deus, ele morava na Zona Sul, estava saindo da Baronetti!!!Vamos ver quanto tempo vão debater o caso, no mínimo uns 10 dias. Reportagens especiais no Globo, Fantástico, Domingo Espetacular, etc.

Queria ver se fosse na Via Show?

O melhor de tudo é ver os parentes da vítima em passeatas de protesto depois. Perguntem se eles participaram de passeatas contra Chacina da Candelária, de Vigário Geral do Complexo do Alemão?

Quando alguém morrer de bala perdida no pilots da PUC os problemas com violência no Rio acabam!!!!