terça-feira, 29 de julho de 2008

Os juros e a Inflação.

O dilema do FED, nos Eua, está mais ou menos assim: se sobem os juros, combatem a inflação mas afetam o crescimento; se reduzem os juros, estimulam o crescimento mas aquecem a inflação

Por aqui, o flauta toca um pouquinho diferente. As contas externas já fazem sombra, e que sombra, nas reuniões do COPOM e como os juros não descerem quando tinham que descer, agora o negócio ta ficando complicado.

Os cabeças de planilha não têm o menor vacilo: em qualquer hipótese, sobem os juros. Mesmo tendo de administrar quatro problemas: inflação, crescimento, dívida pública e contas externas. Não há avaliação da relação custo-benefício de uma pancada de 0,75 ponto na taxa Selic.

Alguns dados que peguei do blog do Nassif, são relevantes:

1. Em termos de dívida pública, significa R$ 4,8 bilhões adicionais em pagamento de juros. É quase meia Bolsa Família.

2. Em relação às contas externas, significará derrubar mais ainda o dólar, em um momento de franca deterioração do déficit externo.

3. Em relação ao próprio combate à inflação, significa tornar muito mais virulenta o refluxo do câmbio. Quanto maior a queda, agora, mais intensa será a desvalorização quando o mercado perceber a não sustentabilidade do déficit.

O mais interessante é que as coisas estão acontecendo ao contrário. Se não vejamos: quando a inflação estava ladeira acima o BC subiu 0,5 os juros, agora quando as commodities internacionais parecem estabilizadas, pimba, 0,75 neles!!!

Os últimos dados da FGV mostram uma menor pressão do preço dos alimentos. Suponha que os preços internacionais de commodities mantenham o mesmo nível atual, já que é quase impossível supor altas adicionais nas cotações. Significará, no mínimo, que não haverá inflação de alimentos no segundo semestre.

Caso ocorra uma valorização do dólar, haverá tendência de queda nas commodities, reduzindo um dos principais fatores de pressão sobre a inflação.

Não seria má idéia a turma do BC segurar os juros e aguardar mais algum tempo observando o desenrolar desses processos.

Principalmente porque há um espaço de tempo entre aumentar juros e esses aumentos refletirem diretamente na economia. Pode ser que a insistência na elevação da taxa possa fazer efeito quando os preços internacionais estiverem mais serenos, ai teremos contas externas destruídas, dívida pública crescente e desaquecimento econômico.

Aguardemoss....

terça-feira, 22 de julho de 2008

Brasil, sexo e Lexotan.

Apologias vendidas, políticos corruptos; congresso comprado, povo acomodado; estado falido, banqueiros ricos; burguesia no champanhe, povo na miséria.

O mundo anda, o Brasil pára, na Europa vão às ruas, aqui ficamos sentados em nossos escritórios, o que nos torna cegos estruturais, não queremos ver nada, ninguém, porra nenhuma, vimos apenas o Eu, o "Mim", a orgia, o sexo.

Assim como o machismo vigente (ainda) nos leva à eterna putaria, essa putaria nos leva ao planalto central e anda em paralelo com a sacanagem dos desvios de verba, orgias com dinheiro público, noites de prazer rindo do contribuinte, inúmeras "entradas" (por trás) em habeas – corpus, brechas na lei, e nos vigaristas do Judiciário, que por fim gozam de suas vidas arrogantes, agressivas, bandidas, sonegadoras, indecorosas, ordinárias, e principalmente (e infelizmente) nababescas e "gloriosas".

Nossa bandalheira virou um prazer, um esporte, um hobby, para indivíduos que se tornaram profissionais da sodomia política nacional.

Imaginem as noites de "prazer" de Rodrigo Maia, ou as sacanagens de Paulo Maluf, ah, também temos as fodas de Dantas e as eternas transas políticas que se perpetuam num gozo infinito apoiadas pelos coronéis e caciques que comandam os nossos "exércitos" e "tribos".

Só me resta dizer, puta que paril!! Depois de tudo, quando a classe "merda" possui noção disso, ela não só toma consciência de um problema estrutural, toma também um lexotan, e dorme como se a orgia nacional se limitasse aos quartos de motel

terça-feira, 8 de julho de 2008

Até Quando?

Enfim, Daniel Dantas rodou.
Em mais uma operação excelente da Polícia Federal, foi desbaratada uma quadrilha de primeira: Naji Nahas, Celso Pitta etc. Homens que tiveram atuações, no mínimo, suspeitas, principalmente na época do Tucanato.
Segundo a PF:
As investigações iniciaram há quatro anos, como desdobramento do caso "Mensalão". A partir de documentos enviados pelo Supremo Tribunal Federal para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 2ª Vara Criminal Federal. Na apuração foram identificadas pessoas e empresas beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos.
Baseadas nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma grande organização criminosa, comandada por um banqueiro, envolvida com a prática de diversos crimes. Para a prática dos delitos, principalmente desvio de verbas públicas, o grupo possuía várias empresas de fachada.
Com o andamento da apuração, foi descoberta a existência de um segundo grupo formado por empresários e doleiros que atuavam no mercado financeiro como forma de "lavar" o dinheiro obtido em negócios escusos. Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização atuava no mercado paralelo de moedas estrangeiras.
Como ja havia publicado no Blog, Dantas ia receber um "cala a boca" de 1 bi pela criação da BrOi. O "mago das privatizações" no governo FHC, que na privatização da telefonia montou um esquema pelo qual assumia o controle da Brasil Telecom, com dinheiro da Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), da Petros (dos funcionários da Petrobrás) e da Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica - além do Citibank, dessa vez se deu mal.
É interessante perceber que o processo foi desencadeado pela PF desde o mensalão. No entanto, no mensalão alguém viu o nome de Dantas sendo citado na grande mídia? Eu não vi. O que dirá Miriam Leitão amanhã? "Inflação galopante assusta o Brasil", deverá ser a chamada.
Vamos ver até quando o STF, que já soltou os bicheiros de Álvaro Lins, vai deixar Dantas preso. O Presidente Supremo Gilmar Mendes deu entrevista ao jornal nacional em que critica a “espetacularização” das prisões que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram hoje para interromper a atividade criminosa de Daniel Dantas e uma de suas múltiplas quadrilhas (clique aqui para ver que não falo mentira).
Espetacularização? Faz-me rir né, não duvido que acordemos amanhã com o banqueiro solto por aí.
Em tempo:
Hoje o dia foi cheio, além da operação da PF, Paulinho da Força Sindical prestou depoimento no conselho de Ética.
Foi muito seguro em todas as suas respostas. No entanto, confesso que nunca acreditei muito numa relação transparente entre Força Sindical, BNDES, ONG´s, etc...
Vamos ver no que dá!!!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Nossa Imprensa

Dois fatos interessantes apareceram nos jornais esse último mês.

A multa aplicada na Revista Veja e na candidata à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, em função da concessão de uma entrevista à Revista. E a decisão do STF de suspender alguns artigos considerados autoritários da Lei de Imprensa. Os dois fatos trouxeram um sem-fim de debates na grande mídia e fez emergir algumas discussões que merecem uma atenção mais delicada da, maior afetada direta e indiretamente dos fatos, imprensa.

Quando o deputado Miro Teixeira entrou com o recurso que pede a anulação total e irrevogável da Lei, ou quando a Liberdade de imprensa sofre algum tipo de ameaça, um labirinto complexo se debruça em nossa frente. De um lado, eliminamos de vez respingos ditatoriais ainda presentes, e muito presentes, em nossa sociedade. De outro, deixamos o caminho livre para uma mídia cada dia mais irresponsável e distante de alguns preceitos básicos que regem a profissão.

O embate que envolve mídia, grandes empresas e sociedade está longe de um desfecho pleno. Desde a metade do século XX e a consequente hegemonia dos meios de comunicação de massa, uma nova forma de ditadura acabou por se estabelecer. É simples, cada vez mais meios em menos mãos, um processo que endoça o receituário neoliberal difundido nas últimas décadas.

O Brasil não fugiu a regra. O regime ditatorial e os grandes conglomerados cresceram de maneira mútua. Os que hoje criticam ontem apoiavam. O caso da Ministra Dilma e do senador Agripino Maia foi de um didatismo político exemplar. Outro fato exemplificador é o dado que segue: "Cinqüenta e cinco deputados federais (10,7 por cento da casa) detêm concessões de radiodifusão. O Rio Grande do Norte encabeça o rol de maiores detentores: metade da sua bancada."(paulohenriqueamorim.com.br)

Essa configuração de aparelhamento ideológico e comercial da mídia cresceu com a epopéia do mundo neoliberal "sem fronteiras" da década de 90. É bom ressaltar que o tom exacerbado da disputa tomou conta dos dois lados, esquerda e direita (se é que ainda existem essas denominações hoje!!). Temos todos os aspectos da mídia neocon em veículos esquerdistas também, obviamente (e falo isso não por ideologismo), que em menor proporção. A patrulha capitaneada por Veja, Folha entre outros, tem adversários de peso, que algumas vezes, exageram cegamente numa defesa sem debates plurais, vide Carta Maior e PHA.

É dentro desse combate quase pessoal que a Lei de imprensa ainda cabe. Como? Perguntam os paladinos da liberdade de expressão. Respondo, não podemos dar mais campo para os assassinatos de reputações que vemos hoje. As matérias saíram dos debates para os embates, cada vez menos subjetivas e mais objetivas, mais pessoais, sem nenhuma preoucupação com a sonoridade que grandes temas ganham no âmbito nacional.

“Imprensa e democracia, na vigente ordem constitucional brasileira, são irmãs siamesas. Em nosso país, a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade, porquanto o que quer que seja pode ser dito por quem quer que seja”, afirmou o Ministro Ayres Brito quando defendeu as mudanças na Lei, em março. A ditadura no Brasil virou álibi para tudo e todos. As pessoas se cobrem numa cortina de defesa, onde baseiam todas as suas merdas nas bases democtáricas construídas no período pós regime militar. A grande mídia faz isso como poucos. Ela, que sempre apoiou o regime, agora veste a camisa da liberdade de expressão (no sentido banalizado do tema), e usa essa utopia do nosso regime democrático para construir sua fortaleza hegemônica alicerçada com medo, ódio e irresponsabilidade.

A complexidade do tema não traduz o tratamento que lhe é dado. No entanto, isso não é novidade pra ninguém, é mais lucrativo botar o Ronaldo e seus travecos na capa. Só acho que não podemos nos deixar levar pelo "espírito democrático" que os jornalões espalham por aí, pura balela. Precisamos sim que jornalistas (?) que praticam calúnias, jogos políticos e empresariais e demais assassinatos de reputações sejam punidos normalmente, sem a cobertura de uma falsa ideologia, que está mais perdida que nossa oposição.


Em tempo:

O resgate de Ingrid Betancourt, a prisioneira mais "famosa" das FARC, repercutiu de maneira interessante na imprensa.

Merval Pereira disse, na CBN, que tudo se deve ao conjunto de esforços da política de Uribe em conjunto com EUA e Israel, que juntos, estariam na luta contra o terrorismo. Obviamente, não deixou de dar uma alfinetada em Chavez e sua trupe, dizendo que o presidente Venezuelano pode ter financiado a guerrilha.

O engraçado é que aqui eles apoiam a política ultra repressiva e violenta de Uribe na Colômbia, no entanto, criticam quando Sérgio Cabral manda o BOPE subir Favela, falam dos direitos humanos. Há uma "pequena" contradição política ai, não?

É complicado fazer especulações de longe, uns já falam que Uribe pagou as FARC pelo resgate, outros batem palma. Uma situação bem complexa, que não se resolve nem com o "pacifismo" de Chávez perante a Guerrilha, nem com a intranigência EUA/Colômbia de Uribe.


Em tempo 2:

Vale à pena uma passada no Blog no Luis Nassif (http://luis.nassif.googlepages.com/home) para conferir a série de matérias sobre a Veja, principalmente a última, sobre o Governador Ivo Cassol. Passem o olho por lá.....

terça-feira, 1 de julho de 2008

Representatividade Democrática

Sempre em eterna discussão intelectual no país, nosso sistema político se encaixa em uma das vertentes da democracia clássica, a ala representativa, que se opõe à participativa, e atua soberana no Estado nacional atualmente.

O crescimento populacional em paralelo com uma organização espacial menos redundante, fez com que a democracia direta (onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto por votação) perdesse espaço no cenário sócio – político mundial em função da democracia representativa. As complexidades trazidas pelas transformações dos grandes centros urbanos, mostra a necessidade de uma certa especialização de tarefas, inclusive administrativas, ao passo que o Estado precisa de um mínimo de oficiais eleitos.

A frase "governo do povo, pelo povo e para o povo", pode cristalizar, de forma teórica, a essência do sistema representativo, que tem como alicerces teóricos alguns pontos como: direito a voto, igualdade perante à lei, plebiscito etc.

Nela, o governo é exercido em função do bem comum. Visa o aperfeiçoamento de todos, dando-lhes iguais oportunidades, favorecendo a aquisição dos meios básicos e necessários a esse aperfeiçoamento, defendendo os direitos do homem e facilitando-lhe o cumprimento dos seus deveres.

Na democracia, o povo participa do governo pelo voto, pelo plebiscito. As Leis, medidas, emendas e programas sócio – econômicos saem daqueles que foram escolhidos pela população para serem seus fieis representantes. Este regime de governo não é sistema fechado e rígido. Qualquer cidadão pode se tornar representante do povo e passar a legislar como representante da sociedade também. Ele se molda conforme as necessidades e a evolução do povo.

O governo democrático age "livremente" na pauta das leis e projetos em vigor, mas o povo a fiscaliza e julga através de eleições e plebiscitos. A democracia promove, nos indivíduos, o senso da própria dignidade e responsabilidade, já que depende dele a eleição ou não, de seus representantes legais no governo. Garante melhor os direitos da pessoa humana, pois os oficiais eleitos estão ali, única e exclusivamente, no intuito de dar em troca do voto, subsídios para que os indivíduos tenham qualidade vida, mobilidade social e todos os seus direitos garantidos por leis.

Outro ponto que sustenta as bases alicerçais democráticas é o princípio do "Pro Deo", onde o Estado deve favorecer a prática das Leis superiores que tem a sua última instância em Deus, e garantem que novas idéias não suprimam a liberdade social do povo.

A grande questão fica por conta de que todos esses pressupostos teóricos vão pelo ralo quando o país assume um sistema democrático, mas não possui bases estruturais para mantê-lo de forma correta e sustentável.

Em países subdesenvolvidos a democracia que se instala é apenas mais "braço" da dominação política neoliberal, escondida atrás de programas assistencialistas, grandes empréstimos e garantia de dependência externa.

Quando a sociedade não toma consciência política do voto, ele deixa de ser uma forma de participação popular e passa a ser mais um mecanismo alienador. Com isso há um afastamento natural entre quem vota e quem é votado. O esvaziamento ideológico e a banalização do debate político fazem com que os cidadãos votem em função de medidas imediatistas, assim, logo depois de eleito, político e indivíduo se afastam, ao passo que um não fiscaliza o outro e o outro não repassa as necessárias benesses para que o povo possa viver de forma igualitária e plena.

A experiência mostra que a democracia quando bem conduzida, e ajudada por uma população politizada e conscientizada faz com que os países democráticos se desenvolvam mais a contento de todos, com mais rapidez e eficiência do que os totalitários. Quando praticada nos países de maior cultura política, é tão bem aceita, que até os regimes ou movimentos totalitários se declaram democráticos.

Antes da instalação de qualquer sistema político a sociedade precisa estar preparada, não só para manter o determinado sistema, mas também para operá-lo de forma sustentável e produtiva, só assim a democracia se torna um mecanismo político interessante. Se a organização social continuar da mesma maneira, os meios democráticos se limitam a ser mais um tentáculo da política capitalista para segregar, alienar o povo, e para que paire no ar uma pseudo – sensação de liberdade.

Em tempo:
Todo esse "embromation" acadêmico que vos escrevo serve para embasar e mostrar como nossa "representatividade democrática" está em baixa.

No último post mostrei todas as lambanças na Providência, e como, mais uma vez, nos deixamos levar por imediatismos.

Agora, para "consertar" séculos de sociedade mal estruturada, polícia medíocre, base educacional zero e um código de trânsito bisonho, somos presenteados com essa lei ridícula contra os motoristas.

Sem dúvida, álcool e direção não andam juntos, mas não é de forma repressiva que o problema vai acabar. Não é cerceando a liberdade que a coisa se resolve.

De novo, e isso não vai acabar nunca, precisamos de leis tapa buracos que arrebentam com grande parte da população que cumpre corretamente seus deveres.

Não bastasse a decisão absurda da Justiça Eleitoral de multar candidatos e a Veja (estou defendendo a Veja!!!!!) em função de entrevistas concedidas em ano eleitoral, não bastasse a idéia da Justiça Gaúcha em criminalizar o MST, não bastasse toda a palhaçada do caso exército/providência/governo, não bastasse isso tudo, agora temos mais essa.

Espero não ouvir o passo dos coturnos novamento em nossas ruas!


Em tempo 2:

Mais um jovem morre na noite carioca. Ai meu deus, ele morava na Zona Sul, estava saindo da Baronetti!!!Vamos ver quanto tempo vão debater o caso, no mínimo uns 10 dias. Reportagens especiais no Globo, Fantástico, Domingo Espetacular, etc.

Queria ver se fosse na Via Show?

O melhor de tudo é ver os parentes da vítima em passeatas de protesto depois. Perguntem se eles participaram de passeatas contra Chacina da Candelária, de Vigário Geral do Complexo do Alemão?

Quando alguém morrer de bala perdida no pilots da PUC os problemas com violência no Rio acabam!!!!