quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Política e Petrosal

Mais uma vez o Brasil está se deixando levar por debates meramente políticos. Mais uma vez o projeto de um país unificado tem como pano de fundo birras entre governo e oposição.

Exemplos não faltaram durante o governo Lula. Questões que não quero aqui defender ou atacar, mas que pela falta de discussões prospectivas, viraram joguete partidário no planalto. Vejamos alguns exemplos: referendo do desarmamento, CPMF, CPI´s etc.

O folhetim do momento é a criação de uma outra estatal para administrar os ativos do governo na área petrolífera do Pré-sal. O grande mote do debate é deixar a Petrobrás gerir a área e assim o governo ter direito a um repasse menor de verbas ou criar a “Petrosal”(possível nova administradora estatal).

Obviamente, a oposição não quer o Estado arrecadando mais e investindo mais, é a velha lógica, quanto pior for o governo melhor para oposição, pior para o País. Além disso, criticam, de maneira correta até certo ponto, a questão dos cabides de empregos e os loteamentos de cargos.

Acredito que a criação da Petrosal, se feita de maneira correta, pode ser um grande propulsor de desenvolvimento socioeconômico. Seria uma lógica simples, sabendo-se que o “ouro negro” é um bem finito, os recursos (em dólar) arrecadados através dos seus ativos seriam destinados a um Fundo Soberano, sendo este encarregado de fomentar uma visão estratégica da nação, principalmente nas áreas sociais e de infra-estrutura. Além disso, ao reter a enxurrada de dólares e investir de maneira correta, tirará a pressão da moeda americana sobre o Real, amenizando apreciação exagerada do câmbio.

A Carta Capital deu alguns exemplos interessantes das questões do Petróleo em combinação com os Fundos Soberanos. Em Dubai, a aplicação dos roiyalties foi bem feita e hoje se pode viver sem os “petrodólares”. Deu exemplo interessante também da Venezuela, que há décadas nada de braçadas em dólares petrolíferos, no entanto sofre altíssima pressão cambial, pois não investiu a longo prazo e vem quebrando a indústria interna com a moeda muito apreciada.

Enfim, acho que vale o debate, debate na essência de palavra. Sem dúvida, temos vários exemplos de estatais que são cabide de emprego, alías, acho que todas são. No entanto, acredito que ao invés de não criar ou não fazer ou não investir, precisamos tentar construir alguma coisa e a partir disso fiscalizar de maneira correta todos os cargos, o destino dos investimentos e a real contribuição que a sociedade está recebendo.

Não quero defender ferrenhamente muito menos criticar cegamente, se houver um verdadeiro projeto de coalizão para não criar a empresa, ótimo, se resolverem criar, ótimo também. Não podemos é deixar as riquezas estratégicas do Brasil a mercê de politicagem entre governo e oposição.

2 comentários:

Alexandre Vasconcellos disse...

Gabriel...

Essa questão do Pré-sal é muito polêmica e, de fato, utilizada nas arenas políticas (de forma espúria) como moeda de troca.

Mas o foda é pressupor que o estado (seja este na mão de quem for) vai gerir o "fundo soberano" de forma correta. Já tivemos experiências tristes com a Previdência fomentando investimentos em infra (vide transamazônica).

O próprio BNDES, órgão criado para este fim, só funciona em projetos onde existe o rigor da vigilância sobre a implantação dos mesmos, ou seja, em empreitadas capitaneadas pela iniciativa privada, que, assim, exige lucro, e, por consequência, transparência (nada cristalina, mas maior do que nas ações estatais...)

É complicada essa discussão, não sei ao certo o que pensar...mas vc está certo no sentido de que o progresso do Brasil via recursos do Pré-sal só virá mediante forte fiscalização, seja estes na mão de quem for...o problema é: como?

Gabriel Mattos disse...

Concordo com vc pombino...

Acho que o ponto principal da discussão é sairmos dessa arena política, e utilizar mecanismos de fiscalização sérios para que não ocorram aquelas velhas "badernas".

Sem dúvida é difícil, muito difícil!!Tudo tem um porém aqui outro ali.

Exemplo do BNDES é perfeito, acho que a experiência do "fundo" em tempos de milagre econômico foi um caso atípico, pela situação de extrema dependência externa que estávamos.

Hoje, mesmo ainda com MUITO caminho pela frente temos uma economia mais robusta, acho que as atuações do fundo podem ser conjugadas com a do BNDES (difícil, mas tudo bem). Porém acho que atuação principal seria na questão cambial, pois evitaria que a enxurrada de petrodoláres aumentasse o movimento especulativo, apreciando ainda mais o câmbio!!!

Contudo, tudo isso fica na teoria!!!! Sabemos dos "N" fatores que envolvem transações entre estado, BNDES, capital privado, dólares, etc..

É difícil, mas a gente da uma contribuição de idéias pelo menos!!!!hehehehhe

Abraçosssss....