sábado, 30 de agosto de 2008

Lévy e Mattelart, Política e Comunicação.

O crescimento meteórico da informática a partir da epopéia neoliberal de final de século trouxe uma nova configuração ao sistema comunicacional no planeta. Obviamente, o estudo das novas tecnologias de comunicação se dão desde os paradigmas mais primórdios. Do funcionalismo pragmático, passando pelo conceitual crítico até o pensamento midiológico e a "criação" da Aldeia Global. Porém, a necessidade de informação "Live" 24 horas por dia, traz um mosaico de alterações constantes e surgimento de inúmeros, e infinitos, espaços comunicacionais.

Dentro desse bojo, o filósofo Pierre Lévy, estudioso ímpar da nova cultura cibernética, joga algumas indagações essenciais dentro da discussão teórico-paradigmática que visa problematizar de maneira crítica o novo paralelo entre a cibercultura e a função cognitiva dos grandes transformadores da organização espacial, os intelectuais.

Lévy nos indaga com a pergunta: "Nesta nova situação, não é urgente redefinir a função dos intelectuais?".

Para um primeiro momento, o filósofo define a atuação intelectiva contemporânea e como explorar de maneira plena este novo espaço e como fazê-los trabalhar a serviço de uma unidade social e da inteligência coletiva.

No tocante a tabulação do problemas, o artigo destaca dois principais. Um subgrupo definido enreda a grande pluralidade e multiplicidade dos novos sistemas de comunicação tecnológica, ou seja, incompatibilidade de uma organização, nova, e cabível para que se possa configurar o ciberespaço a partir das novas teorias críticas.

Nesta mesma esteira de raciocínio, o segundo subgrupo, mostra como a engenharia da internet só contribui para a simplificação, alienação e pragmatização das questões conceituais. " Lembremos que o Google e o Yahoo baseiam suas pesquisas em cadeias de caracteres e não conceitos. Por exemplo quando o usuário solicita a pesquisa "cachorro", esta palavra é tratada como a seqüência de caracteres "c,a,c,h,o,r,r,o", e não como um conceito traduzível em várias línguas...", afirma Lévy.

Assim, com a dependência cada vez maior dos meios de comunicação, como criar um sistema universal com gestão de conhecimento?

O autor se apóia em duas observações principais sobre a criação do sistema, a primeira fala da amplitude do sistema, ou seja, fazer com que ele envolva todas as línguas e teorias, sem preconceitos socialmente pré-estabelecidos.

O segundo ponto é do tipo matemático. Ao passo que os endereços matemáticos criam operações de análise operacionais e automáticas, as teorias não podem ser assim, por isso é necessário repensar essa questão.

A objetivação dos conceitos teóricos em plena sociedade da informação, mostram como o esvaziamento intelectual se dispõe como grande empecilho para o desenvolvimento da cultura nos próximos anos.

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Mattelart, em seu artigo, "A batalha das palavras", mostra a evolução do conceito de sociedade em rede e como isso se deu em paralelo com um crescimento teórico-intelectivo quase pueril.

A guerra fria foi o primeiro contextualizador dessa tipo de sistema em rede dentro da nossa organização espacial. A partir de 60 e 70 ela ocorreu de maneira mais perceptiva.

O crescimento dos meios de comunicação de massa e a política de esvaziamento sócio-ideológico. A indústria cultural que começava a ser construída pelos EUA já dava sinais de domínio midiático diante da emergência da sociedade de consumo.

A partir da década de 80 a falta de participação do Estado, debruçada na falsa idéia de livre "iniciativa", e o crescimento de Tactcher e se neoliberalismo deram ainda mais base de sustentação ao domínio midiático

Em 90 o estágio que seria o passo mais importante o surgimento da internet faz com que as fronteiras comunicacionais fiquem cada vez mais curtas. Foi ela, internet, a catalisadora de uma hegemonia dogmática e de formatação dos debates de mídia (agenda setting).

O autor cita que em 2001, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) propôs a criação de uma noção estatística da informação, calcando ainda mais o paralelo entre informação e mercado.

Uma das grandes críticas é sobre a questão do controle do que é acessado na rede, que fica por conta, mesmo que indiretamente, dos EUA. Logo o controle do fluxo informativo fica mais palpável, apesar da internet ser infinita.

Assim, dentro desse prisma, voltamos ao direito de comunicação mais primórdio, visto que hoje em dia esse instrumento não se encontra plural e democrático como deveria ser. O sentido vertical impera hoje como nunca, nesse cenário de alienação e dominação, o debate em torno do quarto poder e sua relação com o meio social se transformou em um dos principais temas do século XXI.

Os dois autores trazem uma abordagem muito parecida, porém, vistas de um ângulo diferente, mas sempre problematizando o debate prospectivamente.

A fase pós-industrial, que traz consigo a sociedade em rede, a despolitização e o esvaziamento do Estado, traça um novo desenho na configuração, com a mídia como um gestor da sociedade contemporânea.

Para Levy, a complexidade do problema está justamente na contradição entre um crescimento das tecnologias dos veículos e a diminuição de debates subjetivos diante dos temas.

Esse pragmatismo é fruto de uma sociedade, cuja linearidade do discurso se explica pela objetivação e formatação das discussões. Assim, os que "mandam", não vêem como um negócio interessante um avanço prospectivo dos indivíduos, o que não sustentaria a organização consumista-capitalista,

Mattelart, também foca o problema da relação mídia – social, porém com enfoque um pouco diferente.

A emergência da sociedade em rede trouxe o controle do fluxo de informações, é a ditadura midiática. Poucas corporações tem em mãos toda a máquina de comunicação e manipulam da forma que bem entendem tudo aquilo que é publicado.

Quando a mídia vende a idéia de acesso fácil e pluralidade, ela está, nada mais nada menos, objetivando (Levy) e formatando (Mattelart) o discurso ao invés de criar mecanismos crítico – argumentativos para uma leitura do mundo mais prospectiva.

Os dois autores mostram como a atuação da mídia hoje é um dos grandes vetores do capitalismo e do esvaziamento educacional. Traçam, também, algumas tentativas de solução para o problema, que passam pela velha, porém, indispensável, retórica da formação educacional e da mídia sem o teor mercadológico dos novos tempos.

No momento em que a informação vira mercadoria e o pragmatismo substitui a subjetividade, um cenário sombrio se monta em nossa geração. O ano de 2007 foi um passo muito grande para a democratização dos meios de comunicação, o advento da internet não trouxe só problemas, como é um campo infinito de pesquisa, há cada dia surgem blogs e sites nos quais a crítica aos oligopólios de comunicação são cada vez mais constantes.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Política e Petrosal

Mais uma vez o Brasil está se deixando levar por debates meramente políticos. Mais uma vez o projeto de um país unificado tem como pano de fundo birras entre governo e oposição.

Exemplos não faltaram durante o governo Lula. Questões que não quero aqui defender ou atacar, mas que pela falta de discussões prospectivas, viraram joguete partidário no planalto. Vejamos alguns exemplos: referendo do desarmamento, CPMF, CPI´s etc.

O folhetim do momento é a criação de uma outra estatal para administrar os ativos do governo na área petrolífera do Pré-sal. O grande mote do debate é deixar a Petrobrás gerir a área e assim o governo ter direito a um repasse menor de verbas ou criar a “Petrosal”(possível nova administradora estatal).

Obviamente, a oposição não quer o Estado arrecadando mais e investindo mais, é a velha lógica, quanto pior for o governo melhor para oposição, pior para o País. Além disso, criticam, de maneira correta até certo ponto, a questão dos cabides de empregos e os loteamentos de cargos.

Acredito que a criação da Petrosal, se feita de maneira correta, pode ser um grande propulsor de desenvolvimento socioeconômico. Seria uma lógica simples, sabendo-se que o “ouro negro” é um bem finito, os recursos (em dólar) arrecadados através dos seus ativos seriam destinados a um Fundo Soberano, sendo este encarregado de fomentar uma visão estratégica da nação, principalmente nas áreas sociais e de infra-estrutura. Além disso, ao reter a enxurrada de dólares e investir de maneira correta, tirará a pressão da moeda americana sobre o Real, amenizando apreciação exagerada do câmbio.

A Carta Capital deu alguns exemplos interessantes das questões do Petróleo em combinação com os Fundos Soberanos. Em Dubai, a aplicação dos roiyalties foi bem feita e hoje se pode viver sem os “petrodólares”. Deu exemplo interessante também da Venezuela, que há décadas nada de braçadas em dólares petrolíferos, no entanto sofre altíssima pressão cambial, pois não investiu a longo prazo e vem quebrando a indústria interna com a moeda muito apreciada.

Enfim, acho que vale o debate, debate na essência de palavra. Sem dúvida, temos vários exemplos de estatais que são cabide de emprego, alías, acho que todas são. No entanto, acredito que ao invés de não criar ou não fazer ou não investir, precisamos tentar construir alguma coisa e a partir disso fiscalizar de maneira correta todos os cargos, o destino dos investimentos e a real contribuição que a sociedade está recebendo.

Não quero defender ferrenhamente muito menos criticar cegamente, se houver um verdadeiro projeto de coalizão para não criar a empresa, ótimo, se resolverem criar, ótimo também. Não podemos é deixar as riquezas estratégicas do Brasil a mercê de politicagem entre governo e oposição.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Análise Sócio-Política Olímpica.

Mais uma vez o jornalista (?) Reinaldo Azevedo ensina como não se fazer Jornalismo.

Bom, leiam o texto (http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/08/tio-rei-na-olmpada-sejamos-egostas.html) que ele fez. Depois segue uma análise minha.

A questão do choro ou da desculpa, como queiram, é um momento de pura emoção, são quatro anos treinando para cair no momento final, morrer estendido na areia da praia depois de atravessado o oceano. É MUITO difícil, só quem vive pode descrever. As desculpas não são nada demais, tantos outros atletas já pediram desculpas, o próprio “Dream Team” pediu nas últimas olimpíadas.

Enfim, nada tenho contra pessoas que pedem desculpa para alguém que cria expectativas sobre ele, nada mais normal para pessoas normais. Não me venham com essa de síndrome de derrotado, puro "americanismo".

Quando ele fala sobre o clichê derrotista, fala com nenhuma propriedade. Qualquer pessoa ligada a esporte sabe que o Brasil é um dos que mais cobra seus atletas em esportes tradicionais, repito, tradicionais!

Vamos lá, exemplos: Se o futebol for vice-campeão mundial, vai ter clichê derrotista ou todo mundo vai descer o pau? Se o vôlei masculino for eliminado na primeira fase seremos seduzidos pelo "importante é competir" ou vamos descer lenha?

Um exemplo que cristaliza a cobrança sobre os atletas de alto nível pode ser Rubinho Barrichelo. Ele foi o segundo melhor piloto do mundo, SEGUNDO, e daí? Tivemos a tal síndrome derrotista que o Reinaldo escreve ou Rubens virou chacota até hoje?

Assim, precisamos comemorar sim quando APENAS competimos na Ginástica, no tiro, no nado sincronizado, no ciclismo, entre outros.

Obviamente que os atletas competem por si só, sem dúvida. Mas não me venham com essa história que só vencem os egoístas, vence quem humilha adversário, vence quem não chora no pódio, vence quem esquece seu país. MENTIRA.

Os atletas são a representatividade do país sim, representatividade da educação, da superação, do esporte como complemento social fundamental para o desenvolvimento, são espelhos para sociedade, por isso tem as devidas responsabilidades sociais.

Infelizmente, aqui no Brasil ainda não funciona assim, o esporte é escape social e não complemento. Mas espero, ao contrário da maioria que escreve besteira por aí, que o país cresça espelhado nos esportes, usando tanto o "importante é competir" quanto "a vitória é a única coisa que importa" da mesma forma, um meio termo, sem ser preconceituoso ou minimalista.

Paternalismo exacerbado? Que isso, até o “Super Phelps” se emocionou com a mãe na última prova, pelo amor de deus Reinaldo, reduzir os problemas estruturais esportivos e sociais do país aos laços familiares é demais. Esse "culto" a que você se refere é social, cultural do nosso país, todo mundo sabe o que cada pai humilde ou cada empregada doméstica sofre para criar os filhos, nada mais normal que os laços se aflorem em momentos especiais.

Dizer que temos que cortar esses laços para criarmos vencedores???!!!Forçou um pouco dessa vez Azevedo.

A bandeira no pódio, o hino, saber que milhões (e não só no Brasil, em TODOS os países) torcem por você é importante sim para o atleta, isso é indubitável. Não quero ser romântico, ufanista, etc. Mas não se pode minimizar os problemas do Brasil à críticas preconceituosas, individualistas e extremamente egoístas.

Vocês estão lendo muito Ayn Raid, variem um pouco!!!

OBS: Fiz esse comentário no blog do Reinaldo, porém, não foi autorizado por ele, assim não foi publicado.
Em tempo:
A discussão da vez é a criação de uma empresa para administrar a área do Pré-sal.
Pra variar, a oposição já bradou sobre criação de cabide de empregos, estado inchado e aquela baboseira de sempre.
Uma coisa é fato: não podemos criticar a Petrobrás por ser muito estatal ou muito privada. Ela consegue dividir os dois interesses com grande eficiência, sem parcialidades. Sendo essa nova empresa ligada a ela, acredito que não seria diferente.
Bom, ainda tem muito pano pra manga. Vamos aguardar os próximos debates.
Em tempo 2:
Os quase 70% de aprovação de Evo Morales na Bolívia desbancam as principais teorias que a grande imprensa fala por aí.
Que as autonomias não passam de uma demanda de um pequeno grupo oligárquico sem um real apoio popular e, mais ainda, as cotidianas queixas de políticos opositores e analistas assinalando que o de Evo Morales é um governo sustentado por um fundamentalismo indígena que havia perdido as classes médias e governava encurralado na Bolívia andina.
Reflexo, sem tirar nem por, da parcialidade midiática.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Geopolítica?

Nos últimos anos temos visto um vazio identitário por parte da geografia humana, faculdades e universidades se limitam a formar professores e ambientalistas nos cursos. Algumas ciências como, história, ciências sociais e políticas e economia estão ocupando o lugar que poderia ser preenchido pela geopolítica. Algumas pessoas (como o próprio autor) tem um segundo grau recheado de bons debates nas aulas da disciplina - ao contrário de décadas passadas aonde víamos um determinismo ambiental e uma geografia totalmente pautada em observações e intuições - buscando analisar de forma político-social a miscigenação entre o homem e o meio, a partir dessa geografia escolar essas pessoas buscam se especializar na área mas encontram um buraco enorme entre a geopolítica e a geografia das faculdades.

A geografia viveu um movimento muito forte de renovação e rompimento de paradigmas nas décadas de cinqüenta e sessenta, a chamada “geografia tradicional” entrava em crise, era preciso buscar novos caminhos e novas linguagens para que houvesse uma liberdade maior para reflexão e criação.

As razões dessa crise foram, em primeiro lugar, a organização espacial que sustentava as idéias da geografia tradicional havia se alterado. O modo de produção capitalista mudou, o liberalismo econômico estava enterrado, e com ele as grandes iniciativas privadas, era a hora do estado intervir na organização territorial e econômica da sociedade, essa realidade propõe uma nova função para as ciências humanas na época e a geografia tradicional não parecia seguir esta linha, daí o principio de uma crise ideológica.

Num segundo momento podemos observar um processo de desenvolvimento urbano muito acelerado, cidades passam a se transformar em megalópoles e as comunidades locais dão lugar a uma rede de relações e interesses muito complexos, era o embrião da globalização. Isto defasou o objeto de pesquisa da atual geografia, ela não tinha mais condições de entender e estudar a nova forma de organização do espaço urbano.

Porém esse movimento de renovação não e unitário, devido à enorme quantidade de caminhos e pensamentos ideológicos, o mosaico dessa nova geografia e muito abrangente e pode ser dividido entre a Geografia Pragmática e a Geografia Crítica, nas duas vertentes podemos observar posturas filosóficas e metodológicas diversificadas.

A ala pragmática visa uma perspectiva voltada para o futuro, como vimos o planejamento urbano passa a ser objeto de estudo das ciências humanas, então essa geografia busca alinhar esse planejamento em função do interesse do capital burguês. Esse novo braço da geografia nada mais é do que uma “Geografia tradicional” um pouco aperfeiçoada. Uma das vias da Geografia pragmática, e o entendimento das relações por meio de números e fórmulas matemáticas, o que e amplamente deixado de lado pelos defensores da linha crítica.

A geografia que nos interessa realmente é a critica, são autores que se posicionam por uma transformação da sociedade a partir dos seus estudos. Os seus defensores começam a buscar uma geografia militante e com pitadas de política e ideologia, buscando uma realidade social mais justa.

A principal critica que esse movimento faz à geografia tradicional, é o aprisionamento dos seus estudos em simples descrições ou intuições de uma paisagem.

Outro ponto que é questionado é a estrutura de dominação de classes, os geógrafos críticos apresentam uma geografia com caráter social e classista, buscando combater o abismo social do modo de produção capitalista.

Um dos primeiros livros a apresentar a geografia de forma política, e mostrar uma crítica ferrenha aos modos de pensamentos tradicionais foi A Geografia serve, antes de tudo, para fazer a guerra. Yves Lacoste, em seu livro, mostra a geografia dividida em duas vertentes: a “Geografia dos Estados-Maiores” e a “Geografia dos Professores”.

A primeira seria uma ciência que sempre existiu, todos os grandes estrategistas de guerra (Napoleão, Alexandre ou Hitler) sempre tiveram projetos ligados a noção de espaço e organização territorial. Essa Geografia seria, na prática, para estabelecer estratégias de domínio, e ações de guerra na superfície terrestre.

A segunda seria a denominada Geografia Tradicional, para Lacoste ela exerce uma função principal, mascarar a existência da Geografia dos Estados-Maiores, ou seja, mostra a geografia como um saber inútil, mas ao mesmo tempo é a base para as pesquisas de guerra dos principais Estados.

A partir desse final da década de setenta, a geografia política sai dos círculos militares e entra em uma visão integrada de espaço, em uma perspectiva popular, socializando o saber geográfico, pois ela passa a se tornar fundamental para constituir uma nova organização espacial e dar embasamento para embates políticos e sociais.

Tendo todo esse cenário de transformações e melhoramentos, como pode a Geopolítica ter sumido?

Um primeiro ponto, sempre muito debatido nas faculdades e salas de aula é o velho ditado que diz assim: “a geografia é um oceano muito extenso e pouco profundo”. Apesar de não concordar muito, a frase não deixa de estar certa, em certos momentos a aluno se vê meio perdido diante da gama de assuntos abordados, e acaba por não se aprofundar em nada e cai na sala de aula, como última opção (sem desmerecimento à classe obviamente).

Assim, dentro de muita coisa com pouco conteúdo a ciência perde espaço para as outras se esboçar nenhuma reação. Quer ser geógrafo ambiental? Perde a vaga para o engenheiro. Quer a geografia de solos? Perde para o Geólogo. Quer ser humanista? Aí que está ferrado mesmo, fica atrás de sociólogos, economistas, cientistas sociais etc.

E, como tudo, acaba caindo no ramo mercadológico, até porque os profissionais tem que sobreviver, e aí vão dar aula em cursinhos, colégios, faculdades, deixando de lado pesquisas, análises sociais e projetos ambientais.

Um parênteses aqui antes do fechamento do artigo, não busco, em momento algum, menosprezar a classe acadêmica, até porque considero os professores grandes artistas, mas acredito que a Geografia pode oferecer muito mais do que aulas.

O Geógrafo tem na sua crítica, também o seu diferencial.O olhar mais amplo que os estudos geográficos proporcionam enxergam além das análises técnicas e pragmáticas de um economista, por exemplo.

Finalmente, espero muito um reerguimento da Geografia na sua essência, espero porque como muitos, que hoje entram nas faculdades para ter na disciplina sua profissão, eu um dia já entrei e vislumbrei todo esse mosaico que apresentei aqui.

Milton Santos faz falta!!

Em tempo :

A CPI dos Grampos nada mais é do que uma palhaçada.

Estão tentando minimizar e acabar com a Operação (brilhante) Satiagraha, que botou na cadeia os engravatados mais importantes do país.

Aliás, perguntar não ofende.

O que a discussão em usar ou não algemas vai mudar a estrutura do país?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Nova Guerra Fria?

Enquanto a ameaça de uma guerra surge na Geórgia, a disputa geopolítica entre Estados Unidos e Rússia fica cada vez mais clara. A conflagração armada nunca esteve tão próxima da fronteira russo-georgiana. O conflito começou quando tropas da Geórgia tentaram tomar o controle da região de Ossetia do Sul, área, de fato, autônoma e protegida por forças russas.

A disputa reflete, nada mais nada menos, do que uma disputa de forças entre Rússia e EUA, uma nova Guerra Fria, que parece estar esquentando cada dia mais.

Após a abertura econômica com Gorbachov e Yeltsin, a mão forte do Estado voltou a pesar na Rússia, com Putin, o que tem levado o país a desentendimentos constantes com a política norte americana. Observadores mundiais e a grande mídia acusam, desde o início da "era Putin", a nação de cercear os direitos civis e a liberdade de expressão.

Os disolvidos estados da antiga União Soviética tomaram rumo próprio, alguns já integram a União Européia, outros a OTAN, o que não agrada muito ao governo russo, cujo desejo de centralidade de poder do leste Europeu ainda parece estar aceso.

Por outro lado, o Tio Sam é quem puxa esta "ocidentalização" dos antigos países da URSS. Além disso, a proposta de montar uma base militar no centro da Europa é outro tema que beira o belicismo entre as duas potências.

Ainda como pano de fundo de toda este folhetim, estão áreas da Ossétia do Sul e da Geórgia estratégicas nas áreas de petróleo e gás.

O fato é que a política imperialista dos EUA incomoda Putin, assim como estes resquícios da grande URSS incomodam Bush, com isso a disputa por influência mundial já está chegando a níveis preocupantes, e a militarização direta dos dois países pode ser uma mistura explosiva para uma Guerra que já foi Fria.

Em tempo 1:

É um total absurdo o que fazem com Evo Morales na Bolívia. Não quero discutir se o seu governo é bom ou ruim, democrático ou autoritário. O fato é que Evo foi eleito de maneira soberana e democrática, o que as Regiões separatistas fazem é puro Golpe de Estado. E o pior, tudo isso endossado pelos observadores (?) mundiais.

Com a esmagadora vitória no referendo, Morales mostrou sua força e, principalmente, o desejo de mudanças dos povos indígenas da região.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL688102-5602,00-ENTENDA+O+REFERENDO+REVOGATORIO+NA+BOLIVIA.html

Em tempo 2:

Enfim, mandaram Álvaro Lins pro saco.

Nos resta torcer pela degola Natalino, Jerominho e outros derivados.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Eleições 2008

As eleições no Rio parecem estar engrenando ainda. A salada dos candidatos é variada, tem pra todos os gostos, liberais, esquerdistas, muristas e etc.
Crivella vem aparecendo como certo no segundo turno, sendo o segundo lugar disputado a tapa por Jandira, Eduardo Paes e Gabeira.
Labirintos a serem ultrapassados não faltam. A era César Maia não deixou muitas heranças benditas.
Ninguém sabe mais o que é Estado o que é Poder Paralelo, a fusão dos dois montou uma nova organização espacial no Rio. Os debates hoje passeiam pela retórica de eleger um "menos ruim", como se cada carioca carregasse um fardo eterno de compensações por morar na cidade maravilhosa. Há quem defenda as milícias, são mais seguras, dizem eles. Outros, o tráfico, ajudam a comunidade, dizem seus defensores. E o pior é ver alguns jornalistas, especialistas e outros "istas" caírem nesta porfia imbecil de "melhor ou pior".
A educação então, nem se fala. Primeiro, nossos servidores foram "convidados" a passarem suas contas-salário para o Santander. Coincidência ou não, o banco financiou a campanha do "Paladino da Ética" Rodrigo Maia. Depois foram as aprovações automáticas, meu deus, essas dispensam meus humildes comentários.
O pior de tudo é que se o danado se candidata de novo ele leva, mais ou menos um Paulo Maluf "praiano".
Enfim, não acredito que o bispo vá levar esse ano não, sua rejeição é muito grande. No entanto, a ala esquerdista parece não aprender nunca e mais uma vez vem completamente rachada: Molon, Jandira, Paulo Ramos, Chico Alencar e Gabeira disputam basicamente o mesmo nicho de votos. Solange Amaral não deve conseguir se eleger às custas do atual prefeito e não se transformará num "Conde de saias". Eduardo Paes vem com sua campanha milionária, não aguento mais ver seu rostinho tipicamente "pmdebista" nas ruas do Rio.
Vamos aguardar, a disputa do segundo turno promete.
Em tempo 1:
Semana passada assisti o finalzinho do debate de São Paulo, na Band.
O páreo na terra da garoa vai ser duro também. Uma enfraquecida Martha, um (sempre!!) inexpressivo Alckmin, o eterno "Maluf", um estático Kassab e uma animada Soninha.
O debate foi equilibrado, com destaque para Maluf e Martha, mais acostumados aos atalhos da política. O "chuchu" mais uma vez foi fiasco, definitivamente não leva jeito pra coisa. Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL) tentaram se apresentar como novidades, porém, sem discursos empolgantes.
Antes de me despedir não posso deixar de frisar o lema bradado por Paulo Maluf no debate: "Em São Paulo ninguém anda 1km sem pisar numa obra minha". Abram o olho, se alguém piscar ele volta nos braços do povo!!!!
Em tempo 2:
Chega a ser ridícula a campanha que a mídia nacional faz contra a integração da América Latina.
A primeira página de "O Globo" apresentava em letras garrafais que Chávez tinha se intrometido no encontro de Lula e Cristina Kirchner. Todos sabem que o trio não reza a linha editorial dos veículos de Pindorama, merecendo desqualificação permanente. Agora, entrar nessa onda conservadora de lideranças, autonomias e negociações bilaterais é balela.
Sem dúvida, os três governos são passíveis de muitas críticas, agora não podemos cair no preconceito simplista da nossa imprensa.