terça-feira, 30 de setembro de 2008

Curtinha da Crise

Por Gabriel Mattos


A reprovação da "mãozinha" do Estado na economia americana revelou alguns pontos interessantes no cenário ecônomico internacional.

Num primeiro momento, houve uma euforia nos mercados internacionais quando o FED salvou alguns gigantes de investimento norte-americanos. Bom, ai veio a ressaca, era preciso muito mais dos que os bilhões já investidos para controlar a crise internacional.

O Plano Paulson, foi rejeitado na câmara americana, numa obra política que não se afinou nem com democratas nem com republicanos. A ampla vantagem que levariam os bancos, ao levarem uma injeção de 700bi mais títulos do governo, não agradou a ambas as partes. Interessante o próprio capitalismo não salvar o capitalismo.

Com isso, entramos no cerne da questão. A teia de relações entre governo, mercado financeiro, BC e políticas públicas. A imersão mundial no conceito de Bancos Centrais autônomos e mercados "desregulados" afastou a Economia (com "E") da economia política. Houve, sem embargos, uma mercantilização de todos os aspectos políticos, culminando em uma "soberania econômica".

As utopias da concepção sistêmica perfeita, "mercado regula o mercado", parecem ruir ciclicamente como todos os outros durante a caminhada histórica. Após passarmos pela crise dos emergentes asiáticos em 97 e a turbulência "hermana" entre 99 e 01 será que assisitiremos alguma quebra de paradigma mercadológica? Ou será apenas mais uma demonstração de que este sistema cai nas suas próprias armadilhas?

PS: a brilhante analogia das capas (Veja e Carta Capital) é do blog do Nassif.


Em tempo:

Esta semana o Espaço Aberto da Globo News recebe o jornalista (?) Reinaldo Azevedo. Vamos ver as batatadas bradadas pelo blogueiro da Veja.


Em tempo 2:


Nunca vi uma eleição carioca tão murcha.

O boa-praça Chico Alencar, em entrevista ao site Carta Maior, define bem o tema: "Sim, dentro desse contexto de candidaturas milionárias, de placas, de postes humanos, sem militância, sem agitação de rua... Eu posso te assegurar que essa campanha não terá nenhum grande comício de reta final, ao contrário de tantas outras que eu já vivi."

Não obstante, ao mesmo tempo a campanha imagéticamente mais rica sobe nas pesquisas (Eduardo Paes).

3 comentários:

Gabriel Mattos disse...

OBS: O editor do Blog ta maluco!!!rsrsrs...Perdoem a falha no "A" do primeiro parágrafo....

Comentem...abss...

Alexandre Vasconcellos disse...

Que essa coisa toda do liberalismo de "o mercado que cuide do mercado" é furada, concordo.

Assim como a leitura que fazem do "Marxismo do Marx" é distorcida, a leitura da "mão invisível do Adam Smith" tb é.

Ambas partem de pressupostos distantes das realidades dos locais onde foram e são aplicadas.

Mas, em conceito, concordo com uma maior participação do estado na economia, como fomentador e, pq não, regulador em áreas específicas, sem prejudicar a livre-concorrência (pelo contrário).

Adendo 1: As crises de 97 e 99/01, citadas, não ocorreram por obra do Liberalismo. A Argentina, então, foi mt pelo contrário: foi o bolsão que explodiu após anos de Ménem forçando a paridade do Dólar com o Peso.

Adendo 2: Andei conversando com especialistas esses dias...o que se comenta no mercado é que os congressistas norte-americanos rejeitaram o primeiro pacote para...comprarem mta coisa em baixa nas bolsas e, dps, embolsar os lucros!

Por isso, mts economistas são mais "brandos" em relação à crise.

Mas é grave ver políticos jogando blackjack com o dinheiro, a obra e a vida dos outros.

Gabriel Mattos disse...

Alexandre pombino...

Vale lembrar que a crise câmbio, por exemplo, advém do tripé neoliberal (responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante), no entanto, Brasil e Arg foram exemplos claros de que alguns desses aspectos falharam, como o câmbio. Os chamados "overshooting" (variações demasiadas de apreciação ou depreciação) foram decorrentes destas políticas......No entanto, suas observações são perfeitas!!

Ótima informação sobre os congressistas!!rs...Realmente absurdo, porém, infelizmente, normal...