quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Análise Sócio-Política Olímpica.

Mais uma vez o jornalista (?) Reinaldo Azevedo ensina como não se fazer Jornalismo.

Bom, leiam o texto (http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/08/tio-rei-na-olmpada-sejamos-egostas.html) que ele fez. Depois segue uma análise minha.

A questão do choro ou da desculpa, como queiram, é um momento de pura emoção, são quatro anos treinando para cair no momento final, morrer estendido na areia da praia depois de atravessado o oceano. É MUITO difícil, só quem vive pode descrever. As desculpas não são nada demais, tantos outros atletas já pediram desculpas, o próprio “Dream Team” pediu nas últimas olimpíadas.

Enfim, nada tenho contra pessoas que pedem desculpa para alguém que cria expectativas sobre ele, nada mais normal para pessoas normais. Não me venham com essa de síndrome de derrotado, puro "americanismo".

Quando ele fala sobre o clichê derrotista, fala com nenhuma propriedade. Qualquer pessoa ligada a esporte sabe que o Brasil é um dos que mais cobra seus atletas em esportes tradicionais, repito, tradicionais!

Vamos lá, exemplos: Se o futebol for vice-campeão mundial, vai ter clichê derrotista ou todo mundo vai descer o pau? Se o vôlei masculino for eliminado na primeira fase seremos seduzidos pelo "importante é competir" ou vamos descer lenha?

Um exemplo que cristaliza a cobrança sobre os atletas de alto nível pode ser Rubinho Barrichelo. Ele foi o segundo melhor piloto do mundo, SEGUNDO, e daí? Tivemos a tal síndrome derrotista que o Reinaldo escreve ou Rubens virou chacota até hoje?

Assim, precisamos comemorar sim quando APENAS competimos na Ginástica, no tiro, no nado sincronizado, no ciclismo, entre outros.

Obviamente que os atletas competem por si só, sem dúvida. Mas não me venham com essa história que só vencem os egoístas, vence quem humilha adversário, vence quem não chora no pódio, vence quem esquece seu país. MENTIRA.

Os atletas são a representatividade do país sim, representatividade da educação, da superação, do esporte como complemento social fundamental para o desenvolvimento, são espelhos para sociedade, por isso tem as devidas responsabilidades sociais.

Infelizmente, aqui no Brasil ainda não funciona assim, o esporte é escape social e não complemento. Mas espero, ao contrário da maioria que escreve besteira por aí, que o país cresça espelhado nos esportes, usando tanto o "importante é competir" quanto "a vitória é a única coisa que importa" da mesma forma, um meio termo, sem ser preconceituoso ou minimalista.

Paternalismo exacerbado? Que isso, até o “Super Phelps” se emocionou com a mãe na última prova, pelo amor de deus Reinaldo, reduzir os problemas estruturais esportivos e sociais do país aos laços familiares é demais. Esse "culto" a que você se refere é social, cultural do nosso país, todo mundo sabe o que cada pai humilde ou cada empregada doméstica sofre para criar os filhos, nada mais normal que os laços se aflorem em momentos especiais.

Dizer que temos que cortar esses laços para criarmos vencedores???!!!Forçou um pouco dessa vez Azevedo.

A bandeira no pódio, o hino, saber que milhões (e não só no Brasil, em TODOS os países) torcem por você é importante sim para o atleta, isso é indubitável. Não quero ser romântico, ufanista, etc. Mas não se pode minimizar os problemas do Brasil à críticas preconceituosas, individualistas e extremamente egoístas.

Vocês estão lendo muito Ayn Raid, variem um pouco!!!

OBS: Fiz esse comentário no blog do Reinaldo, porém, não foi autorizado por ele, assim não foi publicado.
Em tempo:
A discussão da vez é a criação de uma empresa para administrar a área do Pré-sal.
Pra variar, a oposição já bradou sobre criação de cabide de empregos, estado inchado e aquela baboseira de sempre.
Uma coisa é fato: não podemos criticar a Petrobrás por ser muito estatal ou muito privada. Ela consegue dividir os dois interesses com grande eficiência, sem parcialidades. Sendo essa nova empresa ligada a ela, acredito que não seria diferente.
Bom, ainda tem muito pano pra manga. Vamos aguardar os próximos debates.
Em tempo 2:
Os quase 70% de aprovação de Evo Morales na Bolívia desbancam as principais teorias que a grande imprensa fala por aí.
Que as autonomias não passam de uma demanda de um pequeno grupo oligárquico sem um real apoio popular e, mais ainda, as cotidianas queixas de políticos opositores e analistas assinalando que o de Evo Morales é um governo sustentado por um fundamentalismo indígena que havia perdido as classes médias e governava encurralado na Bolívia andina.
Reflexo, sem tirar nem por, da parcialidade midiática.

Um comentário:

Raphael Dias Nunes disse...

Não é à toa que o Reinaldo diz que nada entende de esportes. Sua insensibilidade para o assunto é extremamente notável e - ao contrário do que ele pensa - isso faz uma grande diferença no conteúdo do texto dele.

Achei válida a comparação da atitude de Diego com a atitude de Phelps, com relação ao pedido de desculpas à população.

Mas paro por aí nas convergências com Reinaldo. Faltou muita apuração da parte do jornalista, ao afirmar que ele "só vê brasileiro chorar no pódio" Porra, ele não assiste TV não??? Ele simplesmente ignorou as outras mais de 200 delegações e restringiu o comportamento do atleta a apenas dois países: EUA e Brasil!

Aliás, excesso de americanização e bajulação dos Ianques! Vai babar o ovo deles assim na puta que pariu! São declarações ignorantes de um cronista que nitidamente não possui muitos parâmetros e gabarito para resenhar determinado assunto.

Tanto falta, que Reinaldo não aceitou o comentário de nosso cronista no blog dele. Lamentável... E é pra isso que existe O CHORUME. Ele não mandou pro lixo o comentário do Gabriel? Virou CHORUME então!

Excelente, muito bom!

Grande abraço!