sexta-feira, 20 de junho de 2008

Direita e Esquerda.

FHC concedeu entrevista ao Valor (aqui a matéria completa) . A partir de algumas questões interessantes escrevi sobre a divisão entre esquerda e direita no país e a falência das CPI´s midiáticas que a oposição tentou emplacar.


Segue a entrevista:

Valor: O senhor não acha que a falência das CPIs desgastou o discurso da corrupção?
FHC: Não estou defendendo o discurso da corrupção, embora, por valor, ache que não se pode anuir com isso. O Brasil passou do limite. Se quisermos ser um país sério, não dá para ser assim. Não pode haver uma falta de reação tão grande . Tudo tem uma desculpa. O Lula chegou a dizer que a lei eleitoral é uma mentira. Ele está em campanha. Cada um tem seu modo de ser. Mas não é republicano.

Valor: As pesquisas mostram que a população, em grande parte, continua resistindo às privatizações. Por quê?
FHC: Porque ninguém sabe o que é. A visão quem faz é o político. Tem que argumentar e mostrar o que fez bem. É o político que tem de mostrar.


No Brasil, como um bom país subdesenvolvido, vivemos todas as revoluções ao avesso. Fomos colonizados, nossa proclamação da república foi debruçada em uma elite rural, e nossa ditadura foi derrubada pela classe média/alta estudantil e acadêmica. As poucas vezes que o "povão" esteve a frente das mudanças foram na Era Vargas e nos últimos anos de governo Lula, porém nunca de forma plena.

O contraste entre esquerda e direita não fugiu a regra. Como disse Tim Maia, o Brasil é o único país que o pobre é de direita, o que não deixa de ser verdade. A esquerda nacional se estabeleceu realmente durante o regime militar e leva o mérito, merecido diga-se da passagem, pela derrocada dos coturnos até hoje. A direita, também de forma merecida, colheu o que a ditadura plantou durante seus 20 anos.

A partir disso, sem dúvida, houve um aparelhamento ideológico esquerdista em quase todos os setores da sociedade. Não quero discutir se isso é bom ou ruim, a questão é que a ala conservadora nacional é um fiasco completo.

Assim, pode-se explicar porque todos são contra as privatizações. Primeiro, porque foram feitas de maneira obscura. Segundo, que a própria direita não assume seus projetos e paradigmas de governo, deixando assim, um abismo no campo ideológico.

Na Europa, por exemplo, os sociais democratas não resistiram ao neoliberalismo, porém, os direitistas de lá se apoiam em projetos nacionais até certo ponto bem sucedidos, apesar de alguns problemas estarem vindo a tona agora, como o desemprego e a diminuição da população economicamente ativa.

Na terra das bananas, as políticas neolibreais foram medíocres. Aliás, nossa guinada esquerdista no continente nada mais é do que reflexo da incompetência da oposição em gerir seus respectivos países.

Nesse contexto se encaixa perfeitamente a vergonha nacional em se declarar de "direita", nada mais natural. E, assim, sabendo que todas as suas bases programáticas foram pelo ralo na teoria e na prática, eles se perderam num discurso agressivo e pueril.

Mais uma vez estão dando com os burros n´água. As tentativas de "sangrar" Lula com escândalos midiáticos e a banalização das CPI´s não deram em nada.
Realmente nossa oposição é burra, medíocre, fraca e medrosa, e enquanto eles tiverem Álvaro Dias, Jereissati, Virgílio, Rodrigo Maia, Heráclito Fortes para defenderem posições progrmático-ideológicas vai ficar complicado, bem complicado.


Em tempo 1: O caso do exército na providência mostra como nós generalizamos as coisas.

Obviamente, não faltam motivos para criticar as obras “malandras” do Crivela, nem para meter a pau na ausência do Estado nas comunidades cariocas.

Agora, não podemos nos cobrir numa falácia que Exército não sobe morro e desconstruir toda a instituição. Houve um erro de alguns oficiais que devem ser apurados de forma sério e ponto.

Não faço parte da ala “chatíssima” dos direitos humanos, nem acho que precisamos sair metendo bala em todo mundo. Precisamos achar uma interseção nesse contexto ai. Coisa que nenhum governo conseguiu fazer, todos tendem para algum lado em demasia.

Agora querem trocar o Exército pela Força Nacional. Há alguma diferença entre as duas?


Em tempo 2: A decisão do TSE em não impugnar candidaturas de políticos envolvidos em processos judiciais é uma vergonha (by Boris Casoy).

Quando um cidadão comum presta um concurso ou participa de alguma entrevista de emprego, a primeira prerrogativa é a ficha “limpa”. Para nossos queridos políticos a coisa parece ser diferente não é?

A grande verdade é que nos dois casos partimos de uma premissa falsa, ou seja, o indivíduo está apenas sendo acusado, não condenado.

Que belo Estado Democrático (?) de Direito que vivemos, não?

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